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segunda-feira, 31 de julho de 2017

Ceará é protagonista na luta contra mortalidade neonatal

Os últimos dias da cearense Luíza (nome fictício) foram marcados por sentimentos extremos. Ela, que estava grávida de gêmeos, chorou de alegria pelo nascimento dos seus rebentos, após um parto prematuro na última semana. Os bebês foram da sala de parto direto para UTI. As lágrimas de alegria se transformaram, dias depois, em tristeza pela morte de um dos filhos, que acabou não resistindo após complicações pulmonares. Apesar do trauma, ela ainda consegue tirar forças de seu espírito materno para ajudar na recuperação do seu outro bebê, que continua internado, mas vem reagindo bem na luta pela vida.

Casos como o da mãe que perdeu o pequeno filho reforçam os altos índices de mortalidade neonatal no Brasil. Apesar dos baixos número comparado a outros estados, o Ceará também está longe da meta, indicador relevante para determinar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Em 2016, por exemplo, a cada 1.000 nascimentos foram registrados 12,9 óbitos de crianças menores de 1 ano, de acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa).
Segundo levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), no Brasil, 69,3% da mortalidade infantil (até 1 ano de idade) ocorrem no período neonatal (até 28 dias) e 52,6%, na primeira semana de vida. No último ano, o número de mortes neonatais, representou quase a totalidade dos óbitos em menores de um ano de idade, chegando a representar 70,1% dessas registros.
Estratégia
Esses números mostram que a atenção aos casos de morte no período neonatal devem ser intensificadas. Para isso, o Ministério da Saúde implementou neste mês o programa Qualineo, que também tem como objetivo diminuir o número de mortes neonatais e qualificar o atendimento ao recém-nascido nas maternidades do Norte e Nordeste.
Referência
Apesar de estar entre os 10 estados como prioridade da estratégia, o Ceará foi escolhido como um centro de referência da Rede Cegonha, principalmente pela Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), que proporciona às mulheres um atendimento humanizado durante a gestação, parto, pós-parto e o desenvolvimento da criança até os dois primeiros anos de vida. O Hospital Doutor Cesar Cals e o Hospital Geral de Fortaleza (HGF) também foram escolhidos para participar da qualificação. A iniciativa, que já está em funcionamento, será desenvolvida durante dois anos nas maternidades selecionadas. Ao fim desse período, a Pasta federal entregará um selo de qualidade às instituições que, além de integrar a estratégia, também conquistaram melhoras nos indicadores de assistência.
A proposta é reunir as principais ações voltadas à saúde da criança, como Hospital Amigo da Criança, Método Canguru (atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso), implantação de Bancos de Leite Humano, qualificação e habilitação de leitos neonatais, Reanimação e Transporte Neonatal. Para a coordenadora do programa Saúde da Criança do Ministério da Saúde, Cláudia Puerari, o Qualineo é a unificação de estratégias que já são bem sucedidas, transformando-as em uma força tarefa para diminuição dos índices de mortalidade neonatal. "O programa nada mais é que o fortalecimento dessas boas práticas, iniciando pelo pré-natal até a assistência pós parto", explica.
Esperança
Os casos de partos prematuros também podem ter finais felizes, como o da auxiliar administrativa Patrícia Feitosa, que deu vida ao pequeno Bryan Feitosa. Ele nasceu no último 12 de julho, após uma gestação de 7 meses. "Esperava ter um parto normal, mas fui surpreendida por um sangramento e meu filho veio antes da hora, após uma cesárea. Ele passou um dia na UTI, depois foi pra sala de médio risco e já está perto de ser liberado. Ele nasceu com pouco mais de um 1kg e hoje já dobrou seu peso", comemora.
Nesse momento delicado, os pais também sofrem, mas também não desgarram da esperança de que tudo termine bem. Maycon de Lima, pai da Valentina de Araújo, passou dias de apreensão após um parto prematuro de sua esposa. "Todos os dias agradeço porque minha filha, apesar de ainda estar na UTI, está ficando cada vez mais saudável. O que importa agora é que ela está viva", agradece ele, já na expectativa de voltar para casa com sua mulher e seu bebê.

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