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segunda-feira, 22 de maio de 2017

Turistas devem esperar para comprar dólares

Quem está precisando adquirir dólares ou outras moedas estrangeiras para viajar deve aguardar mais um pouco até que o mercado financeiro se acalme. Mesmo que a cotação da moeda americana tenha sido encerrada na última sexta-feira (19) com a mais intensa depreciação desde 2010 (3,79%), caindo de R$ 3,39 a R$ 3,25, o ajuste compensou apenas parte da alta de mais de 8% da véspera, em reação às delações da JBS.

A recomendação é do economista Alex Araújo, que prevê grande volatilidade no curto prazo em função do nervosismo do mercado. "A crise política está se agravando muito e isso teve um impacto muito grande nos preços das moedas. Estava-se em um caminho para a estabilidade, que passa pela expectativa de aprovação das reformas, onde é fundamental o papel do governo. Quando há dúvida, gera pânico", explica.
Araújo avalia que esse nervosismo e instabilidade são movimentos típicos do curto prazo, quando ainda não se tem muitas informações sobre o que deve acontecer. À medida que a situação da administração do País fique mais clara, o economista espera que haja uma maior estabilidade no mercado. "Não vale a pena tomar decisões precipitadas nesse momento", alerta o economista.
Já quem não tem reservas e não pode deixar para adquirir a moeda depois, seja quem vai viajar logo ou uma empresa que precise pagar uma dívida nos próximos dias, o jeito é arcar com o prejuízo. "A menos que se tenha necessidade imediata, o recomendado é que não se faça operações (de câmbio) neste momento de instabilidade", recomenda Alex Araújo.
Efeito Trump
Paralelamente à crise política no Brasil, a instabilidade na administração do presidente americano Donald Trump também deveria estar afetando a cotação da moeda americana ante o real - mas com efeito contrário. Segundo Araújo, o dólar tem se desvalorizado ante outras moedas mundiais, assim como as commodities, em reflexo de supostas relações entre Trump e autoridades da Rússia.
"A situação de lá deveria servir para enfraquecer o dólar. Investidores fogem das economias em risco, e o dólar está perdendo valor em relação a outras moeda. Só que o efeito da crise política brasileira está tão crítico que o real fez foi perder valor ante o dólar. Era pra ter uma perspectiva de redução da cotação da moeda, o custo de investimento deveria estar mais barato, mas não vemos nada disso acontecendo no Brasil agora", pontua.
O economista destaca que a própria economia brasileira vislumbrava uma retomada do crescimento futura. "Estava prevista a vinda de capital estrangeiro, havia um ambiente favorável nessa direção. Mas essa nova enxurrada da crise política joga tudo isso por terra, e é crítica por isso, porque ainda pode piorar muito", aponta Araújo, destacando o adiamento da decisão do PSDB se desembarca ou não da base de apoio de Temer.
Resolução rápida
O economista avalia que quanto mais rápida a superação dessa crise, melhor para a economia. "Tem muito evento que ainda pode afetar o cenário econômico nos próximos dias. Independentemente de visão política, quanto mais tempo essa crise se arrastar, pior, porque o estrago na base de apoio (do governo Temer) já foi feito. Se ele resolve continuar e não tem mais base, mais difícil fica", aponta.
De acordo com Alex Araújo, o mercado está precificando os ativos a partir da substituição do governo e de uma ampla pactuação pela estabilidade.
"É a forma menos dramática de passar por esse momento e há muita resistência, além de ampla discussão jurídica que é necessária para definir os próximos passos. O dólar hoje reflete todo esse clima de incerteza", destaca o economista.

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