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segunda-feira, 15 de maio de 2017

Papa Francisco canoniza dois pastorinhos de Fátima

Fátima. Cem anos depois de garantirem ter visto a Virgem Maria, os pequenos irmãos pastores Francisco e Jacinta foram canonizados pelo papa Francisco no santuário português de Fátima, diante de meio milhão de devotos emocionados.
"Declaramos e definimos como santos os beatos Francisco Marto e Jacinta Marto", anunciou o papa na missa de canonização diante da Basílica de Nossa Senhora de Fátima, cuja esplanada gigante estava lotada de peregrinos, alguns com lágrimas nos olhos, procedentes de todo o mundo.

No santuário português, sob fortes medidas de segurança, se reuniram 500 mil fieis, de acordo com o Vaticano, abaixo das estimativas iniciais, que previam entre 800 mil e um milhão de visitantes católicos.
Os pequenos pastores, humildes e analfabetos, morreram de gripe espanhola aos dez e nove anos, respectivamente, alguns anos depois de terem visto junto a uma prima em 1917 seis aparições da mãe de Jesus. Ambos, enterrados na Basílica de Fátima, se tornaram os santos mais jovens da Igreja Católica que não morreram em martírio.
"Como um exemplo para nós, temos diante dos olhos São Francisco Marto e Santa Jacinta", que com sua fé na Virgem receberam "a força para superar as adversidades e os sofrimentos", disse o Papa em sua homilia. "Fátima é, sobretudo, este manto de Luz que nos cobre, tanto aqui quanto em qualquer outra parte da terra", explicou Jorge Bergoglio, muito devotado à Virgem.
"Se Fátima não existisse, a história da religião em Portugal nos últimos cem anos seria totalmente diferente. Aqui, todas as nacionalidades e classes sociais se unem com o consolo que Maria oferece", disse o advogado português de 46 anos Pedro Pestana, entre a multidão de fieis de todo o mundo que se dirigiram a Fátima para as celebrações.
Muitos peregrinos dormiram na esplanada, outros chegaram durante a madrugada. Mas todos aplaudiram no momento da canonização.
Luisa Pacheco, uma costureira de 48 anos do Porto (norte), cumpriu a promessa feita há quase três décadas.
"Fiquei doente e prometi à Nossa Senhora que viria a Fátima se continuasse viva no centenário das aparições", contou.
Francisco foi o quarto papa que visitou Fátima em meio século em uma peregrinação de menos de 24 horas ao popular santuário, que recebe milhões de peregrinos todos os anos.
O avião partiu a Roma da base militar Monte Real às 15h53 (11h53 de Brasília) do sábado.
Criança do Brasil
O menino paranaense Lucas, de 9 anos, subiu ao altar de Fátima na hora do ofertório para se apresentar ao papa como beneficiário do milagre aprovado para a canonização dos pastorinhos.
A TV que transmitia a cerimônia mal mostrou o seu rosto. Lucas estava acompanhado pelos pais, João Batista e Lucila, por sua irmã Eduarda e pela postuladora da causa de canonização, Angela Coelho.
Um narrador informou que ele foi curado em poucos dias, após ter caído de uma altura de quase 7 metros em Juranda, a 69 km de Campo Mourão, no Paraná, em 3 de março de 2013. Entrou em coma e perdeu parte da massa cefálica.
Os médicos disseram que ele tinha mínimas chances de sobrevivência. Saiu curado da UTI e sem sequelas, depois de os pais terem rezado aos pastorinhos.
Dia 13
Há 100 anos, em 13 de maio de 1917, Francisco, na época com nove anos, sua irmã Jacinta, com sete anos, e sua prima Lúcia dos Santos, com dez anos, teriam visto a primeira aparição da Virgem. Isso ocorreria outras cinco vezes, sempre no dia 13 de cada mês.
Considerados perturbadores da ordem pública, foram presos, mas posteriormente libertados por pressão popular.
Lúcia morreu em 2005 com 97 anos. Seu processo de beatificação iniciou em 2008.
Maria teria compartilhado com as crianças portuguesas profecias e entregado "Os três segredos de Fátima". Os dois primeiros segredos foram revelados em meados do século passado: o primeiro apresentava uma visão do inferno e o segundo falava de uma guerra pior do que a que havia na época. O terceiro só foi divulgado em 2000, em Fátima, por João Paulo II, que beatificou os pastorinhos.
Ele se referia ao próprio atentado sofrido pelo papa polonês em 13 de maio de 1981 na Praça de São Pedro, no aniversário da 1ª aparição de Fátima.
"Milagres" reconhecidos
Dois milagres atribuídos às crianças portuguesas e reconhecidos pela Igreja Católica permitiram sua canonização: o primeiro, a cura inexplicável em 1997 de uma mulher portuguesa que sofria de paraplegia.
O segundo foi a cura rápida sem razão aparente de um menino brasileiro que sofreu um traumatismo craniano em 2013. Seus pais contaram em Fátima que o jovem paranaense Lucas, se recuperou sem sequelas quando rezaram aos pastorinhos.
Embora as aparições de Nossa Senhora de Fátima não façam parte do dogma da Igreja, ou seja, não tenham que ser dadas como verdadeiras por todos os fiéis, Francisco e Jacinta integram a partir de hoje o panteão de milhares de santos católicos.
Aparições na Bósnia
Ao regressar de Portugal, o papa Francisco se mostrou muito crítico com as supostas aparições recentes da virgem Maria em Medjugorje, um lugar que atrai anualmente um milhão de peregrinos para a Bósnia-Herzegovina.
Em junho de 1981, seis crianças e adolescentes bósnios contaram ter testemunhado o aparecimento da virgem Maria na pequena cidade do sul da Bósnia. Alguns, já adultos, garantem que há aparições todo dia.
A mulher que aparece para eles "não é a mãe de Jesus", disse o papa no avião que o trazia de Portugal para a Itália, após as celebrações do centenário das aparições de Fátima.
Como as de Lourdes, no sul da França, as aparições de Maria em Fátima foram julgadas "dignas de fé" pela Igreja.
Investigações
Jorge Bergoglio, que confessa sentir uma forte devoção pela Virgem Maria e se mostra mais receptivo que seus predecessores às manifestações de piedade popular, lembrou que a investigação que é feita no Vaticano deu lugar a "dúvidas" sobre as aparições atuais em Medjugorje.
"Eu prefiro a madona mãe, nossa mãe, e não a madona chefe de serviço, com gráficos e que envia mensagens todos os dias. Essa mulher não é a mãe de Jesus", afirmou.
O pontífice, entretanto, se mostrou mais clemente com as primeiras aparições às crianças, considerando que a investigação merece continuar.
Sendo ou não julgada "digna de fé" pela Igreja, toda aparição "pertence à esfera privada" e cada fiel é livre para acreditar nela ou não, lembrou o pontífice argentino, que tem alta popularidade no mundo.

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