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terça-feira, 2 de maio de 2017

Luto cantado para eternizar o artista

Belchior já era uma saudade. Constante. Agora, eternizou-se. O anúncio da morte roubou as possibilidades dos que pediam sua volta. Para muitos, arrancou também as forças, que deram lugar ao pranto. Imortalizado, o poeta cantador teve o luto regado pela música. Muita. Que por mais de 10h de velório ecoou pelo Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza. Sons garantidos por fãs que se revezavam ao violão e também por dois equipamentos, distribuídos frente à área do velório, ecoando a voz do próprio ídolo. "Deixemos de coisa, cuidemos da vida...", ressoava pelas caixas de som, quando o corpo do poeta adentrou o Dragão, minutos antes das 15h.

O recado certeiro e encorajador cantado por quem ali era velado, ontem, doeu diferente entre os milhares de admiradores que cercaram o Dragão do Mar. Fila sem fim. Renovada em minutos. Na primeira hora de liberação do acesso ao caixão, 1 mil pessoas passaram alinhadas. Iniciado à tarde, o rito seguiu lotado até à noite.
Doeu ver Belchior voltar daquela forma. Definitiva. Regressar para fãs que o receberam com lágrimas, cantos, silêncios, carinho, homenagens. Cenário de lástima, quebrado por outras manifestações de despedida. De choro contido e ênfase no eterno, no legado. "Não acaba aqui". A esperança é que Belchior siga alucinando gerações.
A multidão que se avolumou para dar adeus ao cantor era diversa, abarcou dentre tantos: duas gerações da família Rodrigues, a tia Maria da Graças (60 anos) e o sobrinho Armando (13 anos), que por vias diferentes encontraram refúgio no verso forte do cantor, o operador químico baiano Renildo Andrade (64 anos), vindo de Salvador munido da vontade de guardar a "última lembrança do seu maior ídolo" e o jovem compositor Leonardo Lucas (25 anos), detentor da mensagem generalizada daquele rito, um papelão gravado: "obrigado, Belchior!".

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