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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Dinheiro falso e cartões de crédito são vendidos na Internet

A Internet agilizou o comércio e ampliou as possibilidades de negociação, com a venda de todos os tipos de produtos, sejam novos ou usados. O meio é "aberto", como define o titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), da Polícia Civil, Jaime Paula Pessoa Linhares. Aproveitando-se dessa característica, golpistas estão utilizando as redes sociais para comercializar cartões de crédito fraudulentos e dinheiro falso, com o endereço de Fortaleza.

A reportagem do Diário do Nordeste teve acesso a três postagens em que os criminosos oferecem as mercadorias ilegais em grupos da rede social Facebook. Em uma publicação, um suspeito, que não será identificado, coloca à venda o que denomina como 'cartão estouro', o que para o delegado Jaime Paula é um cartão de crédito fraudulento em nome de um terceiro.
O golpista oferece diversas opções aos interessados: cartão de crédito com R$ 6 mil de limite pelo preço de R$ 1,2 mil; cartão com R$ 4 mil de limite à venda por R$ 800; e cartão com R$ 2 mil de limite por R$ 600.
De acordo com o homem, o cartão, desbloqueado e com a senha, é entregue em um prazo de 24h, pelo serviço Sedex 10, dos Correios, após o pagamento de 50% do valor. Como garantia, ele afirma que possui referências de pessoas que já compraram o produto e que envia os dados necessários para o comprador acompanhar a entrega pelo serviço de rastreamento dos Correios, na Internet.
As reações dos outros membros do grupo são opostas. Um jovem e uma mulher alertam que a venda é ilegal. "Saiba que isso é crime e dá reclusão. Só um aviso. Ainda mais fazendo isso na net. Cuidado", comenta o rapaz. "Sabe por que as pessoas são enganadas? Porque sempre querem tirar proveito em algo embora que seja ilícito. Meu povo, acorde, isso é crime", completa a mulher. Já outra mulher manifesta interesse no produto: "E o nome tem que tar limpo?".
No fim do ano de 2016, o perfil de uma mulher no Facebook, que também não será identificada, ofereceu o 'cartão estouro' com opções e valores iguais aos postados pelo homem. No texto, ela ainda tenta seduzir os usuários do Facebook com a mensagem "garanta seu final de ano longe das crises" e avisa: "Só chamar se tiver realmente a fim de comprar e com dinheiro... Não gosto de curiosos".
Em uma das postagens, o usuário oferece cartão com limites altos vendidos a preços baixos. Outro golpista, também pelo Facebook, diz que tem notas falsas e que são as “melhores do mercado”
Outra semelhança entre as duas ofertas iguais é que o telefone divulgado para os interessados entrarem em contato é o mesmo, com DDD 85 (Fortaleza, Região Metropolitana e outros municípios próximos). A reportagem ligou para o número, que não chama. Os dois perfis não estão mais visíveis no Facebook.
O titular da DDF afirma que o alvo do golpe pode ser dois: a pessoa que teve o nome utilizado no 'cartão estouro', que é vendido para outra pessoa fazer compras e dívidas no nome dessa primeira; ou o comprador do cartão de crédito fraudulento, que pode pagar pelo produto e não recebê-lo ou mesmo recebê-lo sem o limite prometido.
Segundo Jaime Paula, a principal forma de os golpistas obterem esses cartões é a solicitação em estabelecimentos como supermercados e lojas de departamento, informando poucos dados pessoais de um terceiro. Mas existem outros meios recorridos pelos criminosos: roubo ou furto de cartões de crédito; suborno a funcionários das lojas ou do banco para obter as informações; e captação de dados durante uma negociação no mercado.
A possibilidade de clonagem (duplicação) de um cartão é praticamente descartada pelo delegado. "As fraudes relativas a cartão hoje não são tão sofisticadas. Elas estão facilitadas em razão da oferta do produto que tem hoje no mercado. Hoje eu peço um cartão até pelo telefone. Por que clonar, se existe isso?", indaga Jaime.
A venda de cartões fraudulentos na Internet é um crime raro, revela o titular da DDF. Mas o uso de nomes de terceiros para fazer compras com cartões de créditos é comum. Por mês, a Especializada chega a registrar cerca de 15 Boletins de Ocorrência (B.Os.).
O golpista que for preso por vender cartão de crédito de um terceiro será autuado pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica e, caso ele tenha apresentado algum documento falsificado na emissão do cartão, também por falsificação de documento público ou particular. O comprador do produto também não passa impune, podendo ser autuado por estelionato e falsidade ideológica.
Cédulas
Outro usuário do Facebook está sendo investigado pela DDF por uma postagem, em um grupo, oferecendo dinheiro falso. O perfil de um jovem anuncia "notas fakes em promoção de Carnaval" e coloca R$ 2,5 mil falsificados à venda por apenas R$ 150 e R$ 1 mil por R$ 100. Como garantia, ele afirma que "são as melhores notas do Brasil", que "temos fotos, vídeos e referências" e posta imagens de cédulas de dinheiro.
A reportagem também tentou entrar em contato com o telefone oferecido na postagem pelo falsificador, mas uma gravação de voz diz que "o telefone está programado para não receber chamadas". O perfil não está mais visível na rede social. Apesar de o alvo do golpe parecer se tratar do comércio, que pode receber o dinheiro falso, o delegado Jaime Paula Pessoa Linhares alerta que o interessado em comprar as cédulas também pode ser enganado, não recebendo o produto ilegal. O vendedor e o comprador podem ser autuados pelos crimes de estelionato e falsificação de cédulas.
Dificuldade
Informações oferecidas pelos criminosos, tanto na venda do 'cartão estouro', quanto na venda do dinheiro falso, dão indícios de que as postagens podem ter sido feitas em Fortaleza. Entretanto, outros dados apontam para outros Estados do País.
De acordo com o delegado Jaime Paula, a estratégia é utilizada pelos golpistas para ludibriar a Polícia. "É um percurso mais longo, tem que ter paciência. Eu costumo dizer que o braço da Polícia se torna curto em razão dessa rede. Se fosse tudo daqui, seria mais fácil. Mas não é impossível prendê-los", afirma.
Os três suspeitos abordados na reportagem postaram que preferem que a negociação dos produtos seja feita pelo aplicativo WhatsApp. Linhares afirma que é outra estratégia para dificultar a identificação, mas que se torna ineficaz quando a Polícia pode tentar rastrear a localização do chip do celular.
(Colaborou Emanoela Campelo)
Mais informações:
Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) da Polícia Civil. Endereço: Rua Professor Guilhon, 606, Bloco A - Aeroporto.
Telefone: (85) 3101.2505/2506

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