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quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Os percursos do livro em 2016

Em 2016, o hábito de consumir conteúdo via streaming se consolidou pelo Brasil. Com a ascensão do número de assinantes em serviços como o Deezer, o Spotify (ambos veiculando música) e o Netflix (produção audiovisual), o campo esteve aberto para outras linguagens veicularem suas produções através da mesma plataforma. Lançado há apenas dois anos, o Ubook (ubook.Com) disponibiliza audiolivros, reunindo títulos de livros e revistas ditados via voz, para sua gama de assinantes.

Na tentativa de emplacar um hábito de leitura através da escuta, diferente do contato visual "tête-à-tête" entre o usuário e o livro impresso, o Ubook segue por um terreno movediço, dado o baixo (e histórico) índice de leitores no País. No entanto, segundo o diretor de operações do serviço de streaming, Leonardo Sales, o Ubook reúne hoje 1,5 milhão de usuários cadastrados, com um catálogo de 10 mil títulos, entre livros e revistas.
No início, em outubro de 2014, Sales pontua que o mercado de audiolivros (que hoje conta com serviços similares, a exemplo do TIM Audiobook e do TocaLivros) era praticamente inexistente no Brasil. Indagado se o serviço teve de passar por uma fase de sensibilização dos usuários, para que o consumidor brasileiro topasse pagar por isso, o diretor identifica que as pessoas hoje estão mais abertas nesse sentido, "para esta nova forma de consumir cultura", pontua.
Para Leonardo Sales, o audiolivro se encaixa em situações parecidas com a do usuário que dirige o carro e escuta, ao mesmo tempo, o rádio, o MP3, ou outro tipo de conteúdo de áudio. O diretor observa que esses formatos de áudio são complementares a uma série de hábitos práticos.
"Em momentos no qual a leitura (através do livro físico) não é possível ou conveniente, como quando se está dirigindo", reforça Sales.
Escuta
Sobre a possibilidade de "escutar", o audiolivro se insere na cultura contemporânea paralelo à incessante emissão de textos, áudios e vídeos via redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter, entre outras menos populares). Questionado se o conteúdo do audiolivro ficaria negligenciado nesse contexto, Leonardo Sales reflete que "não é de hoje que as pessoas privilegiam o falar em detrimento do ouvir. Porém, é inegável que as redes sociais, além de incentivarem as pessoas a se exporem mais, aprofundou também o compartilhamento de ideias e opiniões, o que, de certa forma, favorece o diálogo", observa.
De acordo com Sales, as redes sociais estimularam as duas vias de comunicação (falar e ouvir). Pensando no audiolivro e no seu incentivo à escuta, o diretor aponta que o estímulo ao debate de ideias "é uma função que há muito tempo vem sendo desenvolvida pelos livros. Por isso, a ferramenta (do Ubook) permite que o usuário compartilhe trechos dos audiolivros que estão ouvindo nas redes sociais", exemplifica.
Deficiência visual
O formato do audiolivro permite ainda o contato dos deficientes visuais com os livros que não foram editados em braile (sistema de leitura pelo tato). Leonardo Sales não sabe precisar a quantidade de usuários desse perfil que acessam o Ubook, "uma vez que este tipo de informação não é requerida quando o usuário faz seu cadastro", pontua.
Sales conta que o retorno desse público chega através de comentários nos canais de atendimento. "Tivemos o cuidado de criar o 'modo acessibilidade', com funções específicas para os deficientes visuais", acrescenta o diretor.
Enquanto os audiolivros movimentam a nuvem de informações digitais, a fatia do mercado editorial que trabalha com impressões encontra saídas para disponibilizar títulos fora de catálogo. Este ano, o selo OnDBooks, da Book Partners, lançou um serviço de impressão sobre demanda.
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Impressão sobre demanda para as edições de papel
De acordo com o selo OnDBooks, somente a empresa Book Partners perdia cerca de R$ 6 milhões, por ano, deixando de vender aproximadamente 50 mil títulos de edições esgotadas no mercado. O sistema de reimpressão funciona com os editores procurando o selo, que aciona as gráficas para rodar o material. O serviço movimenta os bastidores do setor livreiro e se volta às editoras nacionais e estrangeiras que atuam no Brasil. "Com os arquivos da obra, podemos acionar de imediato a entrada da publicação para uma gráfica de nossa base", detalha Mauro Azevedo, diretor da Book Partners, segundo o material de divulgação. A ideia de criar a reimpressão surgiu baseada na experiência de mercados livreiros fora do País. Para lançar o OnDBooks, foram necessários três anos de pesquisa e investimentos nesse sentido.

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