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sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Fibras Inovadoras

O desejo de criar um tijolo natural e o incentivo do professor. Com estes dois ingredientes, os estudantes Mateus e Vongesse, ambos de 16 anos, colocaram o primeiro "tijolinho" no percurso da iniciação científica. Dessa forma, conceberam o Tijofibra, projeto no qual utilizam a fibra de coco, matéria-prima abundante na região onde moram, para produzir tijolos ecossustentáveis a preços competitivos.

A ideia lançada pelos alunos do segundo ano da Escola Estadual de Educação Profissional Júlio França, de Bela Cruz, no Litoral Oeste, distante 300 quilômetros de Fortaleza, obteve o segundo lugar na área de Engenharia e o terceiro em Inovação durante a Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia), realizada em São Paulo, no mês de abril deste ano.
O prêmio credenciou os dois alunos e a professora/orientadora, Luana Teixeira, para a Olimpíada Internacional de Projetos Sustentáveis, que acontece em maio do próximo ano, nos Estados Unidos. Com a proposta, os garotos ganharam ainda bolsas de iniciação científica pelo CNPq, no valor R$ 100,00 durante um ano.
Para apresentar o projeto no exterior, Luis Vongesse Neto e Mateus Vasconcelos Rocha já desenvolveram um banco a partir dos tijolos ecossustentáveis. A peça ganhou assento de madeira e foi instalada no pátio da escola para que todos possam compreender e valorizar o experimento, intitulado de "Tijofibra: uma solução para os problemas de habitação - confecção de tijolos de fibra de coco". 
Os resultados positivos não chegaram por acaso. Inicialmente, estimulados pelo professor e coordenador da escola, Fernando Nunes, os meninos começaram a pesquisar sobre os elementos disponíveis na natureza. Perceberam, então, que Bela Cruz é uma região com grande produção de coco verde e, consequentemente, de descarte da fibra. De olho nesta matéria-prima, começaram as experiências em 2015. 
Orientados pela professora Luana Teixeira, os alunos recorreram, além do laboratório de ciências, aos cálculos matemáticos e, tão logo, já estavam com o protótipo e os custos do Tijofibra. Utilizando 30% de fibra de coco (processada) e 70% de argila e água, o tijolo sustentável teve custo unitário de R$ 0,14, enquanto o tradicional sai por R$ 0,33. "Esse invento tem valor ambiental, social e econômico", atesta o professor Fernando. 
O próximo passo, segundo Mateus, é aperfeiçoar a textura do  Tijofibra para aplicá-lo na construção de casas populares com baixo custo econômico. "Aqui na cidade ainda temos cerca de 100 casas de taipa, nem todas habitadas, mas seria ideal se a prefeitura ou o governo adotasse essa ideia", completa. 
Vongesse acrescenta que o produto já passou por testes de resistência e segue as normas de nº 6.460 e 7.170 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Diferente dos demais, o Tijofibra é seco em temperatura ambiente ou no sol, não gerando custos ou danos ao meio ambiente. "No começo da experiência, queimávamos a fibra antes de produzir o tijolo, mas depois percebemos que isso gerava gás carbônico. Agora, nós só trituramos a fibra", explica Vongesse que deseja cursar engenharia civil. 
Todo o processo teve embasamento nos referenciais teóricos, destaca a professora da disciplina de matemática que abraçou o desafio realizado muito além da escola. Segundo Luana, apesar da dificuldade de aprendizado dos meninos, o empenho deles foi tanto que não implicou no resultado do projeto. "É uma história de superação e que serve de exemplo para os demais alunos. Eles vibram a cada conquista e isso é muito importante no desenvolvimento". 

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