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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Antes de ser preso, Cunha seguia influente

Brasília. Preso ontem pela Polícia Federal, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ainda mantinha "influência nos seus correligionários, tendo participado de indicações de cargos políticos do governo Temer", segundo procuradores da República da Operação Lava-Jato.O deputado cassado chegou à sede da PF em Curitiba, em uma viatura descaracterizada, sob vaias de manifestantes e uma intensa movimentação de jornalistas ontem por volta de 17h05 (horário de Brasília). 

O ex-poderoso presidente da Câmara passou sua primeira noite na prisão da Lava-Jato. Na carceragem da PF também estão o empreiteiro Marcelo Odebrecht, capturado em 19 de junho de 2015 e agora negociando delação premiada, o doleiro Alberto Youssef e outros personagens da Lava-Jato.
Eduardo Cunha ficou isolado e hoje será levado ao Instituto Médico Legal para exames de corpo de delito, uma praxe policial para verificação do estado de saúde do prisioneiro. O advogado Ticiano Figueiredo, que integra o núcleo de defesa do ex-deputado, esteve na PF.
O peemedebista foi preso por volta de 13h15 (horário de Brasília), na garagem do edifício localizado na 316 Sul, Bloco B, em Brasília. Eduardo Cunha estava acompanhado de um advogado retirando objetos pessoais.
Poder não diminuiu
Os procuradores dizem que o poder político de Cunha não diminuiu após ter deixado a Câmara.
Segundo a força tarefa, durante o período em que o parlamentar foi investigado, ele "não poupou esforços para embaraçar as investigações". Também teria se utilizado de "parlamentares laranjas para tomar medidas que visavam o favorecimento pessoal", os quais "apresentavam falsas justificativas de um pretenso interesse público para legitimar os atos de obstrução".
Na petição encaminhada ao juiz federal de Curitiba (PR) Sérgio Moro, os procuradores argumentam que a prisão era necessária para impedir que Cunha continuasse a operar contra a investigação. Citaram como exemplo a nomeação de um aliado de Cunha, Maurício Quintella (PR-AL), como ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, no dia 12 de maio passado, logo após a posse do então presidente interino, Michel Temer (PMDB-SP). "Quintella havia votado em favor de Eduardo Cunha no Conselho de Ética", afirmaram os procuradores.
Em sua decisão, Moro afirma que "os episódios incluem encerramento indevido de sessões do Conselho de Ética, falta de disponibilização de local para reunião do Conselho e até mesmo ameaça sofrida pelo relator do processo".
Sem motivações
Em nota enviada por seus advogados, Cunha alegou que sua prisão é uma "decisão absurda" e sem motivações, "utilizando-se dos argumentos de uma ação cautelar extinta pelo Supremo Tribunal Federal (STF)".
O advogado Ticiano Figueiredo disse que os policiais federais que prenderam o ex-deputado "foram extremamente educados". "Por óbvio, (o ex-deputado) ficou sabendo que havia mandado (de prisão) contra ele. Na sequência, um advogado nosso em Brasília deslocou-se até o apartamento (na Asa Sul). Imediatamente, chegaram os policiais". Figueiredo contou que "educadamente os policiais esperaram (Eduardo Cunha) guardar suas coisas".
"Todos os factoides que ele (Cunha) estava em uma padaria na Asa Norte e que tentaria fugir não são verdade. Eduardo Cunha não foi algemado em momento algum", ressaltou.
Histórico
Eleito presidente da Câmara em fevereiro de 2015, Eduardo Cunha foi um dos mais poderosos políticos dos últimos anos, tendo desempenhado papel central no processo que resultou no impeachment de Dilma Rousseff. No auge de sua gestão, contava com o apoio explícito da grande maioria dos deputados.
Sua derrocada se deu devido às suspeitas de envolvimento no petrolão, o que resultou no seu afastamento do mandato e da presidência da Câmara em 5 de maio, por decisão unânime e inédita do STF. Em setembro, ele teve o mandato cassado com 450 votos de seus 512 colegas.

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