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terça-feira, 27 de setembro de 2016

Ex-ministro Palocci já se preparava para ser preso

Brasília. O ex-ministro Antonio Palocci Filho já aguardava ser preso. Desde que viu o sucessor no Ministério da Fazenda, Guido Mantega, ter prisão decretada na quinta-feira (22), admitiu que seria ele o próximo alvo.
Ex-titular da Fazenda e Casa Civil nos governos Lula e Dilma, o petista foi preso temporariamente na 35ª fase da operação Lava-Jato, deflagrada ontem.

Apelidada de Omertà, em referência ao pacto de silêncio da máfia, esta fase da operação investiga indícios de relação criminosa entre o ex-ministro e a empreiteira Odebrecht.
De acordo com a investigação, Palocci coordenou o repasse de propinas da empresa para o PT. Pelo menos R$ 128 milhões teriam sido repassados, "a pedido e sob coordenação" dele, a agentes indicados pelo partido ou para pagamento de dívidas de campanha. Em troca, atuava em prol dos interesses da empreiteira, segundo a Polícia Federal.
Em maio, quando Marcelo Odebrecht iniciou tratativas para fechar acordo de delação, ele reduziu o trabalho em sua consultoria e começou a traçar sua defesa. Passou a se reunir semanalmente com seu advogado, José Roberto Batochio, e negava as acusações. Palocci dizia com veemência que não era ele o "italiano", apelido que figura em planilhas de propina apreendidas.
De acordo com a Lava-Jato, Palocci era informado com regularidade sobre demandas da empresa por Marcelo Odebrecht, que o chamava de "chefe". Entre as negociações, estão tentativa de aprovação de lei que traria benefícios fiscais à empreiteira, aumento de linha de financiamento no BNDES e interferência em licitações da Petrobras.
Palocci teria recebido pelo menos R$ 6 milhões em propina, segundo uma planilha que traz a rubrica "Itália" - apelido que seria dele. Branislav Kontic, o Brani, ex-assessor de Palocci na Casa Civil e que seguiu trabalhando para o petista, e Juscelino Dourado, seu ex-chefe de gabinete, também foram presos.
O juiz Sergio Moro argumentou que o "risco à aplicação da lei penal" e o "risco à ordem pública" justificam as prisões. Segundo ele, investigações ainda não rastrearam toda a movimentação de valores ilícitos repassados sob coordenação de Palocci.
Defesa
O advogado que representa o ex-ministro, disse ontem que ele nega todas as acusações dos investigadores da Lava-Jato.
Batochio afirmou ter acompanhado a coletiva de imprensa da PF que tratou da prisão de Palocci e disse que foi "absolutamente vazia, só presunções".
O advogado disse estranhar o fato dos presos recentes da Lava-Jato estarem associados a gestões petistas. O defensor afirmou desconhecer a acusação -secreta, segundo ele, "no melhor estilo da ditadura militar".
Antonio Palocci, 55, foi o grande articulador entre empresários e o PT durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e os primeiros meses do governo Dilma Rousseff em 2011.
Ex-colegas de Esplanada dizem que Palocci foi o último contraponto da presidente. Foi ministro da Casa Civil de janeiro a junho de 2011. Perdeu o cargo em razão de consultorias prestadas, inclusive durante a campanha de 2010, que elevaram em 20 vezes seu patrimônio.
Formado em medicina, Palocci foi deputado estadual e federal e prefeito de Ribeirão Preto (SP). Em 2002, idealizou a Carta ao Povo Brasileiro, que estimulou o empresariado a apoiar o governo Lula. Em 2006, deixou a Fazenda após divulgação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que o havia acusado de frequentar uma casa mantida por lobistas.
Planilhas
Codinomes
Um relatório da Polícia Federal liga o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega ao esquema de propinas da Odebrecht. O documento atribui a Mantega o papel de "Pós Itália", refe- rência à sucessão do ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil) nas relações com a empreiteira. Mantega foi preso em 22 de setem- bro na Arquivo X (34ª da Lava-Jato) por supostamente exigir, para o PT, R$ 5 milhões do empresário Eike Batista, em 2012. Mantega foi solto no mesmo dia. Palocci foi preso ontem, 26, na 35ª fase da Lava-Jato. Segundo a PF, Mantega e Palocci são ligados às propinas da Odebrecht. A investigação aponta que Palocci seria "Italiano", codinome na planilha de repasses ilícitos da empresa.

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