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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Energia deve ficar 7,7% mais cara no ano que vem

Após aumentos exorbitantes ao longo de 2015, em decorrência da falta de chuvas e reajustes não repassados pelo governo no ano anterior, a energia elétrica deve voltar a acompanhar de perto a inflação do País em 2017, pelo menos é o que projeta o Comitê de Política Monetária (Copom). De acordo com a Ata da 201ª reunião, divulgada ontem pelo Banco Central (BC), a conta de luz dos brasileiros deve subir 7,7% no ano que vem, bem mais próximo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) projetado para o fechamento deste ano, de 7,3%.

Segundo a Ata do Copom, para 2017 já se considera variação de 5,8% no conjunto de preços administrados em geral, 0,5 ponto percentual acima do valor projetado na última reunião do Comitê. A revisão deve-se, principalmente, às projeções para aumento de tarifas de energia elétrica e ônibus urbano, que também deve ter avanço de 6,8%.
Para o presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará e consultor de energia da Fiec, Jurandir Picanço, o aumento projetado para a conta de luz no ano que vem não foge da realidade inflacionária do País. "O setor possui custos ligados à inflação, então é normal que a alta acompanhe o IPCA. Nós tivemos uma experiência muito ruim em 2015, quando esses aumentos superaram bastante o índice inflacionário do País, o que foi consequência do acumulo de reajustes não repassados pelo governo no ano eleitoral. Isso já foi compensado e não há mais margem para altas elevadas", diz.
Ainda segundo o Copom, no cenário de mercado, que leva em conta as projeções do Boletim Focus, a previsão para a inflação em 2017 está em 5,1%. Segundo Picanço, a tendência é que os aumentos da energia elétrica se aproximem cada vez mais desses índices ao longo dos próximos anos. "Não há nenhuma expectativa de reajuste acima da inflação. O governo tem uma meta de 4,5% e, se de fato chegarmos a este patamar, creio que o setor energético seguirá no mesmo caminho", comenta.
Chuvas impactarão
Apesar de atualmente não haver expectativa de aumentos mais elevados no custo da energia elétrica em 2017, o cenário pode mudar ainda no fim deste ano, segundo o consultor na área de energia, João Mamede Filho. "Já estão sendo esperadas chuvas abaixo da média em novembro e dezembro deste ano. Se isso for confirmado, muito provavelmente teremos problemas, pois o governo vai querer ligar mais termelétricas para garantir o abastecimento de água de janeiro a março e sustentar o sistema elétrico nacional", destaca.
Conforme Mamede, o Brasil chegou a ter um risco real de racionamento de energia no ano passado, quando os reservatórios chegaram em situações críticas e diversas termelétricas já estavam em funcionamento, produzindo energia mais cara. O inverno deste ano, porém, principalmente no Sul e Sudeste, afastou esta possibilidade, segundo diz. "O que também ajudou a conter o consumo foi o fraco crescimento do País, tendo em vista que, quando há menos atividade econômica, o consumo tende a cair. Assim, creio que a energia voltará a ser mais utilizada se o Brasil votar a crescer", opina.

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