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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

CE reduz mortes por acidentes em 23%

O Ceará conseguiu reduzir em 23,34% o número de mortes por acidentes envolvendo crianças e adolescentes de até 14 anos - registros sobre trânsito, afogamento, queda, sufocação e queimadura - , de 2010 a 2014, segundo balanço da ONG Criança Segura. As internações desse público tiveram um decréscimo de 10,48%, no período de 2008 a 2015. Para a coordenadora nacional da instituição, Gabriela Guida de Freitas, há ainda muito o que avançar. "Temos o que comemorar, mas ainda há muitas crianças morrendo por descuido. No modo geral, não existe uma política de prevenção aos acidentes", critica.

A principal causa de óbito, no Estado, em 2014, foi o trânsito, com 52%. Ao todo, conforme o levantamento, 91 crianças e adolescente morreram naquele ano, sobretudo, vítimas de atropelamento. "Geralmente são crianças que brincam próximos à movimentação de carro e são atropeladas. E o perfil é mais de meninos de 7 a 12 anos. Conseguimos reduzir os atropelamentos porque os pais evitaram muito de brincar no meio da rua", pondera a presidente da Sociedade Cearense de Pediatria e pediatra da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Instituto José Frota (IJF), Francielzi Lavor.
Em segundo lugar, vem o afogamento, com 22,8% dos óbitos por acidentes, e a sufocação, com 9,1%. A pediatra, no entanto, reforça que os episódios de afogamento são pontuais e ocorrem durante as férias escolares. O maior perigo, reforça a médica, está dentro de casa e pode vir com incidentes como uma queda. Se não são responsáveis por tantos óbitos, as quedas engrossam as taxas de internações. "São mais frequentes queda da própria altura, sufocamento ou perfuração de esôfago, queimadura, causada por desleixo. Um cabo de panela virado para fora pode causar estrago", alerta Francielzi.
Internação
Somente no ano passado, conforme o levantamento, foram 5.198 internações no Ceará. Desse total, as quedas representaram 54,54%, trânsito, 13,9% e queimaduras, 6,27%. "Essas tipologias mudam de acordo com a realidade de cada região. No Nordeste, é mais comum o acidente de trânsito, acreditamos que tem relação com o alto número de motos, e as queimaduras, sobretudo durante as festas juninas. Percebemos também que hoje temos uma realidade que, em 30% desses acidentes de trânsito, a criança é ocupante do veículo", explica a coordenadora da ONG Criança Segura.
Outro fato curioso descoberto junto à pesquisa é que há uma relação forte de redução ou aumento dos acidentes com o valor do PIB per capta. Gabriela explica que os estados, cujo PIB per capta é maior houve redução dessas taxas.
"Não é que os acidentes aconteçam apenas em famílias mais pobres. Ele é democrático, mas sabemos que há uma forte relação com o contexto social. A mãe que trabalha e deixa um filho tomando conta do outro ou que tem uma moradia não tão segura, às margens de lagoas, por exemplo, tem um impacto para aumentar esses riscos, com certeza", acrescenta a dirigente.
Do ponto de vista médico, os acidentes contabilizados resultam menos da atividade intensa das crianças e mais da falta de medidas de proteção por parte dos adultos. Estima-se que 90% dos acidentes com crianças podem ser evitados, segundo a Safe Kids Worldwide. No geral, para isso, é preciso alinhar um total de três questões: vigilância do adulto, ambiente preparado e seguro e o uso de equipamentos de segurança.
"Ainda falta trabalhar o comportamento humano. O adulto precisa estar consciente da responsabilidade que é cuidar de uma crianças. Preparar o ambiente é deixá-lo seguro, colocando uma rede de segurança na janela, protetor de quina e tomada. E popularizar os equipamentos de segurança, como a cadeirinha no carro, capacete para andar de skate, o colete salva-vidas na piscina ou na praia. Combinando os três, a gente consegue evitar ainda muitas mortes", reforça Gabriela Guida.
A presidente da Sociedade Cearense de Pediatria, Francielzi Lavor, reforça a prevenção. "Não gosto nem de chamar de acidente. Porque isso são eventos que podem ser evitados. Sabemos que falta ainda intensificar campanhas em relação à prevenção. Sabemos que é preciso reforçar isso".
Alerta
É reforçando que se adquire novos hábitos e se garante bons resultados. A cozinheira Cláudia Maciel hoje não desgruda o olho do filho Gabriel, 5 anos. O menino coleciona algumas cicatrizes e a mãe, sustos. Com menos de um ano, o bebê caiu da cama. Maiorzinho, levou tombo que deixou um galo na cabeça e, recentemente, queimou a perna no escapamento de moto. Tudo isso, enquanto a mãe tirou a atenção por pouco tempo. "Criança cega. Tenho maior cuidado, mas já sofri muito com esses acidentes", conta Cláudia.
Agora, ela garante que toma mais cuidado. Optou por uma cama mais baixa, adotou cantoneiras protetoras nos móveis e, claro, tornou-se vigilante. "Não dá nem para ficar no Whats App enquanto ele brinca. Só quando dorme".

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