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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Câncer infantil: diagnóstico precoce garante 70% de cura

Maysa Gomes, aos 2 anos e 10 meses, já recebe o título de pequena guerreira. A menina há 10 meses enfrenta a penosa rotina da luta contra o câncer. Diagnosticada com leucemia linfóide aguda (LLA), deixou seu mundo e passou a viver mais no leito do Centro Pediátrico do Câncer (CPC), anexo do Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS), do que em sua própria casa. A "Passarinha", como é chamada carinhosamente, fez de lá seu novo ninho. Em tratamento, ela tenta se reconstruir após as sessões de quimioterapia, para depois fazer o aguardado transplante de medula. A mãe, Miriam Gomes, vai tecendo esperança de que Maysa responda ao tratamento e possa voar, enfim, dali.

O câncer é um dos maiores vilões para muitas crianças e adolescentes, assim como para a pequena Maysa, sendo a primeira causa de mortes por doença, após 1 ano de idade, até o fim da adolescência.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, em 2016 e 2017, serão 12.600 novos casos no País por ano. O Nordeste é o segundo em número, com 2.750 casos, perdendo apenas para o Sudeste, com 6.050.
Sem dados por Estado, é possível estimar, com base no número de diagnósticos realizados pelo CPC, referência no Ceará em atendimento oncológico infanto-juvenil. Em 2015, de janeiro a dezembro, 151 deram entrada, uma média de 12,5 por mês. Em 2016, de janeiro a agosto, já são 105, uma média mensal de 13,1.
Para a coordenadora do Centro Pediátrico do Câncer, a pediatra Selma Lessa de Castro, a sensação de que o número de casos de câncer aumenta é errada. "Os números estão maiores, mas não é que a doença se espalhou. É que agora nós conseguimos ter mais diagnóstico, e mais cedo também. Temos uma média de 30% de confirmação dos casos suspeitos que chegam aqui", explica a médica.
A rapidez na descoberta da doença é fundamental para que se consiga um número exitoso. "Cerca de 70% das crianças e adolescentes com câncer se curam. Quanto mais cedo se descobre a doença, menos agressivo torna-se o tratamento do câncer infanto-juvenil", detalha. Selma explica que o Ceará vem avançando neste quesito. Com o Ambulatório de Diagnóstico Precoce do Câncer, desde 2010, uma equipe interdisciplinar do HIAS viaja até os municípios do Interior para sensibilizar os profissionais da saúde para que possam fazer o reconhecimento de sintomas de maneira mais rápida e assertiva, o que ajuda a diminuir o tempo entre o diagnóstico e do tratamento.
Psicologia
Outro ponto positivo, de acordo com a psicóloga e coordenadora do Serviço de Psicologia do CPC, Anice Holanda, é que as crianças, psicologicamente, não apresentam problemas com o estigma do câncer. "Elas são mais resilientes. Sofrem mais pela limitação que o adoecimento causa. Não têm a imagem de que a doença pode acarretar a morte", explica ela, que precisa trabalhar também o aporte psicológico com o adulto acompanhante. "Eles sim são afetados pelo estigma do preconceito e do medo", completa.
Aos 11 anos, Ana Beatriz Braga é só sorriso. Ela conta que já guardou a tristeza pela perda do cabelo e, apesar do incômodo da recente cirurgia para a retirada do tumor e parte do fêmur, ela não demonstra insatisfação. "Autoestima cura o câncer", ensina a menina. De Itapipoca, ela sente saudade do pai, da irmã, das amigas e da escola. Fez de Fortaleza uma morada desde janeiro, quando recebeu o diagnóstico.
A mãe, Jane Meire Teixeira, 29, conta a história de superação da menina, que passou por sessões de quimioterapia, cirurgia, venceu complicações que a levaram para a UTI por quase um mês e da força de vontade de estudar sozinha em casa para não perder o ano na escola. "Ela chora às vezes porque quer ir para a escola. Ela é muito estudiosa. Chorou quando perdeu o cabelo, mas agora não chora mais. Ela é muito forte. Jamais encararia isso como ela encarou. Vem do céu", relata a mãe com o choro preso, ensaiando um sorriso parecido com o da filha.
Tipologias
Entre o público infanto-juvenil, a maior incidência é de leucemia. Neste ano, foram diagnosticados no CPC 36 novos casos, do total de 105. No ano passado, foram 58, de 151. Em seguida, vêm os tumores cerebrais e renais. Selma explica que o período de tratamento varia, ocorrendo geralmente entre dois anos para as leucemias, e um ano para os tumores sólidos.
"O difícil é que muitas internações ocorrem nesse período. O melhor é que as crianças chegam no início da doença porque os pais estão mais atentos aos sintomas", diz a pediatra, que alerta que os classificados com maior gravidade geralmente ocorre em crianças com menos de um ano e maiores de 10 anos.
Tipos frequentes
Leucemias - glóbulos brancos
Tumores do sistema nervoso central
Linfomas - sistema linfático
Neuroblastoma - células do sistema nervoso periférico
Tumor de Wilms - tumor renal
Retinoblastoma - retina do olho
Tumor germinativo - tumor das células que vão dar origem às gônadas
Osteossarcoma - tumor ósseo
Sarcomas - tumores de partes moles

Mais informações:
Centro Pediátrico do Câncer - Hospital Infantil Albert Sabin
Rua Alberto Montezuma, 350
Vila União
Telefone: (85) 4008.4109

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