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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Moedas sociais chegam a girar R$ 1,3 mi; parte já é digital

Enraizada nos bairros periféricos da Capital e em vários municípios cearenses, as moedas sociais movimentaram, somente em julho, R$ 1,3 milhão no Estado. O montante é 85,7% maior que o do mesmo mês do ano passado, quando foram movimentados cerca de R$ 700 mil. As informações são do diretor da Rede Brasileira de Bancos Comunitários e coordenador do Banco Palmas, Joaquim Melo.

Esse crescimento acontece mesmo com a redução do número de bancos comunitários no Ceará, que caíram de 28, em 2011, para 22 neste ano. Segundo o diretor, isso acontece porque, às vezes, o lastro da moeda fica muito pequeno e o banco as recolhe para poder relançar quando tiver mais recursos. "Em alguns bancos, a inadimplência ficou muito alta e foi preciso parar as operações temporariamente até que se recupere o dinheiro emprestado", explicou.
Ainda assim, Melo aponta que a dificuldade do acesso ao crédito em bancos tradicionais, por conta da crise econômica, ampliou a procura por alternativas de crédito por parte da população, beneficiando o banco comunitário. Ele aponta ainda que, da mesma forma, a dificuldade do acesso a benefícios sociais, como o seguro desemprego, e o próprio aumento do desemprego também foram fatores que impulsionaram a procura pelas moedas sociais.
Plataforma
Outro motivo que explica esse aumento da movimentação dos recursos pelas moedas sociais mesmo com a redução de bancos, na avaliação do diretor, é a migração para a plataforma digital, que oferece mais facilidades e serviços aos usuários. A moeda Palmas, do Conjunto Palmeiras, em Fortaleza, foi a primeira no País a fazer a experiência, no ano passado. Hoje, das 22 existentes no Estado, apenas sete ainda não fizeram a migração.
Ao migrar para a plataforma digital, Melo aponta que o conceito da moeda social permanece o mesmo: o de fazer o dinheiro circular na própria comunidade, gerando emprego e renda no local, uma vez que apenas estabelecimentos da região a aceitam como meio de pagamento. Com isso, a renda fica retida na região, não sofrendo o risco de ser gasta em outro bairros, e contribuindo para a elevação das vendas do comércio local, gerando um círculo virtuoso para a economia.
E-dinheiro
A versão eletrônica funciona por meio do aplicativo e-dinheiro. A pessoa faz o download da ferramenta com um smartphone e se cadastra na plataforma de forma gratuita com seu número de CPF. Em seguida, deposita no banco comunitário um determinado valor em reais que será convertido em um saldo eletrônico na plataforma, que permite a transferência de dinheiro de pessoa para pessoa.
Para o banco, a vantagem é que, além de reduzir o gasto com a impressão do dinheiro, a plataforma digital permite a cobrança de 2% de cada transação, recurso que é utilizado pela instituição para a concessão de novos empréstimos. "Antes, precisávamos pedir verba a bancos de fomento para que o dinheiro continuasse circulando na comunidade. Com esse percentual, temos mais recursos para continuar movimentando a economia local", pontuou Melo.
O diretor aponta que a plataforma dá mais segurança tanto ao usuário quanto ao empresários contra roubos e assaltos, já que há dispositivos de segurança contra o acesso de outras pessoas à conta. "Além disso, essa taxa de 2% que é cobrada a cada transação é bem mais barata que a de bandeiras tradicionais de cartões, diminuindo o custo do comerciante", acrescentou.
Ele admite que houve alguns obstáculos com a mudança, como a dificuldade de acesso à internet pela população e, no caso de idosos, de teclar. Para resolver esses pontos, Melo afirma que o banco ainda irá lançar um cartão magnético que, apesar de ter menos recursos que a plataforma digital, tem um uso mais familiar para a população.

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