A quantidade de cearenses que trocou de operadora e permaneceu com o
mesmo número de celular se intensificou neste ano. De acordo com dados
extraídos do site da Associação Brasileira de Recursos em Telecomunicações (ABR
Telecom), entidade que administra o serviço, a portabilidade na telefonia móvel
no Estado cresceu 56% no primeiro trimestre em relação a igual intervalo de
2015.
Conforme as informações da entidade, 10,52 mil usuários utilizaram a
portabilidade para mudar de operadora móvel nos primeiros três meses deste ano,
exatamente 3,7 mil a mais do que no mesmo período do ano passado. Para a
analista industrial Georgia Jordan, da consultoria Frost & Sullivan, os
números refletem, entre outros fatores, o cenário de crise econômica do País.
Olho nas finanças
"A crise está deixando todo mundo de olho nas finanças e, apesar de
a telefonia móvel ser um serviço que o consumidor não abre mão, há uma
tendência de não só procurar pacotes com melhor custo benefício, mas também
temos visto uma migração das contas pré-pagas para pós-pagas", apontou a
analista.
Ela destacou ainda que, em novembro, várias operadoras revisaram seus
portfólios e apresentaram novos planos, o que pode ter influenciado no aumento
de operações de portabilidade no início do ano. "Nesse período do ano, as
pessoas também costumam se dedicar a procurar opções mais adequadas ao
orçamento", pontuou.
Na avaliação de Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, os
números demonstram a tendência de abandono do segundo chip pela população.
"Antes, as pessoas tinham vários chips para falar mais barato com mais de
uma operadora. Com o advento de aplicativos como o WhatsApp, o usuário passa a
poder falar com celulares de várias operadoras e, assim, descarta o segundo
chip e começa a dar mais valor em manter o seu número", explicou.
Ele ressaltou que o número de pessoas que mudam de operadora é bem maior
do que aqueles que fazem portabilidade, o que, na visão dele, também seria
reflexo da crise econômica. "O que estamos vendo é um crescimento da
portabilidade no celular e uma queda no fixo. Com o cenário econômico, as
pessoas estão desligando as suas linhas e, também por isso, se vê uma queda na
base das linhas fixas".
Já o presidente da consultoria Telemikro, Ricardo Caldas, avalia que o
crescimento da portabilidade demonstra o exercício de cidadania do consumidor
para buscar as melhores tarifas. Ele lembra que o serviço é uma permissão legal
para que o usuário não fique preso a uma operadora por conta do número. "É
uma ferramenta importante do ponto de vista concorrencial, que traz benefícios
aos usuários. Também tem a componente da qualidade de serviço, uma vez que as
operadoras são apontadas pelos Procons como campeãs de reclamação. Isso pode
levar o usuário a mudar".
Fixo
Na telefonia fixa, que geralmente possui pacotes atrelados à internet
residencial, algo que impacta bastante na escolha dos clientes, houve queda de
42% na portabilidade do Estado, tendo em vista que 5,06 mil pessoas utilizaram
o serviço para mudar de operadora de janeiro a março deste ano, enquanto 7,22
mil o fizeram no mesmo intervalo do ano anterior.
Em número totais, considerando a telefonia móvel e fixa, a portabilidade
também apresentou crescimento no Ceará, já que foram 15,59 mil procedimentos no
primeiro trimestre deste ano, ante 14,01 mil dos mesmos três meses do ano
passado (o que equivale a um aumento de 11,2% no período).
Em todo o território nacional, considerando apenas o primeiro trimestre
deste ano, dados da ABR Telecom apontam que cerca de 1 milhão de trocas de
operadoras foram concluídas. Nesses três meses, 333,09 mil (31%) migrações
foram demandadas por usuários de terminais fixos e outras 740,82 mil (69%) de
linhas móveis.
Implantação
A portabilidade numérica foi implantada gradativamente a partir de
setembro de 2008 nos 67 DDDs em operação no Brasil, alcançando todo o
território nacional em março de 2009. Desde que o serviço passou a fazer parte
dos serviços telefônicos dos DDDs 85 e 88, os usuários do Ceará realizaram
537,35 mil ações de portabilidade. O equivalente a 268,35 mil (50%)
solicitações foram feitas por usuários de telefones fixos e 269 mil (50%) de
telefones móveis. No Brasil, mais de 31 milhões de trocas de operadoras sem
mudança do número do telefone foram efetivadas até março deste ano.
PROTAGONISTA
Qualidade dos serviços influencia
A engenheira Clara Dibe optou em mudar de operadora em janeiro deste ano
por causa da qualidade dos serviços ofertados. "O preço do pacote antigo
praticamente dobrou, além da internet ser muito ruim. Eu mudei para ficar
despreocupada", enfatiza.
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