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quinta-feira, 14 de abril de 2016

Ampliadas ações contra limite de dados na web

Desde que a notícia sobre o limite (ou até mesmo corte) de dados de internet por parte das operadoras - que deve atingir principalmente os usuários de serviços como Netflix e You Tube - começou a se espalhar, consumidores têm se manifestado contra a mudança. No Facebook, a página Movimento Internet sem Limites contava, até a manhã de ontem, com 252.979 curtidas. Uma petição no site Avaaz tinha mais de 300 mil assinaturas.

Para o pesquisador em Telecomunicações do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Rafael Zanatta, em um contexto de crescimento de empresas como o Netflix e outros serviços de streaming, as provedoras de conexão à internet não podem usar da "franquia de dados" para precificar os dados e segmentar seus clientes por capacidade de compra.
De acordo com o especialista, a medida dividirá a internet entre aqueles que podem acessar serviços de qualidade e intensivos em dados e aqueles que não poderão. "Essa consequência vai contra a própria finalidade da Internet, de natureza livre e aberta para todos, bem como a "finalidade social" de que fala o art. 2º da Lei 12.965/2014. No limite, vai contra o próprio objetivo constitucional de redução das desigualdades no Brasil do artigo 5º da Constituição".
As movimentações das empresas de telecomunicações, que anunciaram a limitação, estão sendo monitoradas pelo Idec. "Levantamos essa questão no Grupo de Trabalho de Telecomunicações da Secretaria Nacional de Justiça. O tópico é importante, pois envolve questões da regulamentação do Marco Civil da Internet", explica Zanatta.
No entendimento do Instituto, o anúncio de mudanças dos termos dos contratos de banda larga fixa deve passar por uma ampla discussão na Anatel, com os membros do Sistema Nacional de Proteção do Consumidor e com a sociedade civil. "Qualquer mudança unilateral em contratos vigentes viola o Código de Defesa do Consumidor. O consumidor não pode ser 'pego de surpresa' com novas condições contratuais em seu plano de internet fixa", destaca Zanatta.
Ilegalidade
A Proteste Associação de Consumidores considera que a imposição de limites aos dados de internet é ilegal e que também fere garantias do Marco Civil. "A internet é um serviço essencial. Portanto, não pode ser cortada", explica a coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci. A associação lançou ontem petição online contra a medida. É solicitado na ação que as operadoras sejam impedidas de vender planos franqueados com previsão de bloqueio da conexão à internet depois de esgotadas as franquias e deixem de impor planos franqueados com previsão de acesso restrito a determinados conteúdos ou aplicativos depois de esgotadas as franquias.
Ainda de acordo com Maria Inês, a mobilização dos usuários é importante porque é um reforço contra a vontade das operadoras de estender para a internet fixa o que já faz com a móvel.
"Nós vamos aproveitar essa manifestação e entregar ao Ministério das Comunicações. Nós entendemos que não é atribuição da Anatel regular esse tipo de atividade que diz respeito à internet. O órgão responsável por isso é o Comitê Gestor da Internet, afirma".
Novos contratos
Zanatta lembra ainda que os clientes que assinarem os novos contratos com franquia de dados também estão protegidos por dispositivos legais. "Por exemplo, não é permitida a suspensão da conexão à Internet em caso de 'estouro da franquia'", defende.
Na avaliação do Procon Fortaleza, a limitação de dados por parte das operadoras é considerada "abusiva" em relação aos direitos do consumidor e fere o Marco Civil da Internet. "A Lei 12.956, de 2014, popularmente conhecia como Marco Civil, traz vários benefícios para o consumidor com relação à internet. E ela fala da essencialidade do serviço, como forma de exercício da cidadania, e diz que a suspensão do serviço só poderá ocorrer devido à suspensão de débitos decorrente da sua utilização", defende a diretora geral do órgão, Cláudia Santos.

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