Vômito, febre, dor abdominal e a incômoda diarreia. Estes são os
sintomas das infecções que têm lotado hospitais e postos de saúde nos últimos
meses no Ceará, as Doenças Diarreicas Agudas (DDA). De acordo com o mais
recente boletim da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), divulgado no dia 4, já
foram registrados, neste ano, 66.284 casos de enfermidades do tipo na Capital e
no Interior. Segundo especialistas, as altas temperaturas e o início da quadra
chuvosa no Estado são os principais responsáveis pelo alto número de
ocorrências.
As DDA podem ser causadas por vírus, bactérias e outros parasitos
adquiridos, principalmente, por meio da ingestão de água e alimentos
contaminados ou do contato direto com pessoas doentes. A maior quantidade de
casos foi contabilizada em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza,
onde 4.492 receberam diagnóstico positivo para as doenças. Em seguida, vieram
as cidades de Caucaia (2.436) e Quixadá (2.404). Na Capital, a Sesa identificou
1.632 registros.
Robério Leite, infectologista do Hospital São José (HSJ), referência no
tratamento de doenças infecciosas, explica que a grande quantidade de
ocorrências no começo do ano é comum e resulta, em parte, da mudança climática.
"Sempre tem um aumento de casos na época de temperaturas mais quente. É
uma variação sazonal esperada. Acontece provavelmente porque há uma maior
circulação de vírus e, no caso das DDAs causadas por bactérias, porque o calor
compromete a conservação dos alimentos", diz o médico.
Chuvas
Ao mesmo tempo, conforme o infectologista Anastácio Queiroz, o início da
estação de chuvas contribui para a disseminação das DDAs, uma vez que a água
pode carregar mais facilmente os microorganismos causadores das infecções.
"Em dias de chuva, as pessoas costumam cumprimentar as outras com mãos
molhadas e se aglomerar em ambientes fechados, duas situações que facilitam
bastante a transmissão de doenças", afirma.
Queiroz destaca que, apesar de incômoda, as DDAs, em geral não possuem
alto nível de gravidade e permitem recuperação rápida. No entanto, alguns
grupos de pessoas, por terem sistemas imunológicos frágeis, estão mais
suscetíveis a contrair as doenças e podem desenvolver complicações. É o caso de
crianças, idosos e portadores de condições que comprometem as defesas do corpo.
"Pessoas com problemas cardíacos e doenças que causam imunosupressão e
crianças desnutridas são alguns dos grupos que precisam de atenção
especial", ressalta.
Para evitar a contaminação, os médicos recomendam constante higienização
das mãos e cuidado no manejo e no preparo de alimentos. Já em relação ao
tratamento das pessoas infectadas, Robério Leite salienta a necessidade de
manter-se hidratado. "É preciso fazer hidratação com soro oral, manter uma
alimentação básica e oferecer outros líquidos. Em casos mais graves, é melhor
ir ao hospital para fazer a administração de soro intravenoso", diz.
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