Seja bem vindo...

Páginas

terça-feira, 8 de março de 2016

Dano pode ocorrer em várias fases da gravidez

Genebra. O vírus da zika pode causar danos ao feto em qualquer período da gestação, aponta um estudo realizado com gestantes do Rio de Janeiro e publicado no sábado (5) na revista científica "The New England Journal of Medicine".Até então, a hipótese era de que o risco fosse concentrado no primeiro trimestre, quando há mais chances de o vírus ultrapassar a barreira placentária e atingir o feto. Feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade da Califórnia, o trabalho mostrou que, na amostra estudada, de cada dez mulheres infectadas por zika, três tiveram bebês com defeitos congênitos.

Entre os problemas, morte do feto, restrição de crescimento, danos na placenta e lesões no sistema nervoso central. O estudo selecionou 88 gestantes que apresentaram sintomas de zika, como manchas avermelhadas.
Dessas, 72 tiveram a doença confirmada por exame molecular no sangue e/ou na urina. Duas abortaram no início da gravidez. Das 70 restantes, 42 foram acompanhadas com ultrassonografia na gestação (as outras não aceitaram essa etapa). Elas tiveram infecção pelo zika entre a sexta e a 25ª semana de gestação.
Nesse grupo, 29% dos fetos apresentaram problemas como restrição de crescimento intrauterino e alterações no sistema nervoso central. Dois casos de morte fetal foram registrados após a 30ª semana de gestação. Num deles, a mulher foi infectada pelo zika durante a 25ª semana de gravidez. Em outro, na 32ª semana da gestação.
"É um trabalho rigoroso e muito bem conduzido. Sugere fortemente que o zika pode comprometer o feto em qualquer período da gestação", diz o obstetra Thomaz Gollop, especialista em medicina fetal.
"É um estudo ainda pequeno, mas é a primeira evidência de associação (entre o zika e os casos de microcefalia). É original, de relevância", afirmou Luis Correa, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Alerta internacional
A Organização Mundial da Saúde (OMS) caminha para elevar o alerta internacional em relação ao zika hoje, quando uma reunião de emergência ocorrerá na entidade para reavaliar o surto.
A informação foi passada por Bruce Aylward, diretor-executivo do Departamento de Surtos da OMS, a cientistas de todo o mundo em reunião realizada ontem, apontando para a relação entre o vírus e a microcefalia.
No dia 1º de fevereiro, a OMS declarou a microcefalia como emergência internacional, alertando que ainda não existiam indícios claros da relação com o zika. Aylward insiste que o cenário "mudou". Segundo ele, já são 41 países com casos de zika e o número continua a aumentar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário