Paris. O Serviço de Saúde do Condado de Dallas, nos Estados Unidos,
divulgou que a região teve um caso de transmissão sexual de zika vírus. O
comunicado foi divulgado pelo órgão ontem, mas os Centros de Prevenção e
Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) esclareceram que a agência não investigou
como o caso foi transmitido.
Segundo o comunicado, um paciente foi infectado depois de ter tido
contato sexual com uma pessoa doente que tinha retornado da Venezuela, onde
existe circulação do zika vírus. O serviço não divulgou a identidade dos pacientes.
Em nota, o CDC afirma que constatou por testes laboratoriais que
trata-se de um caso de zika e que esta é a primeira infecção pelo vírus nos
Estados Unidos em uma pessoa que não esteve fora do país.
"Com base no que sabemos, a melhor forma de evitar a infecção pelo
zika é prevenir as picadas de mosquito e evitar a exposição ao sêmen de alguém
que tenha sido exposto ao vírus ou que tenha ficado doente a partir da
infecção", afirmou a agência.
O diretor do DCHHS, Zachary Thompson, vê o caso como prova de que o
vírus pode ser transmitido pelo sexo. Porém, até o momento, ainda não existem
evidências científicas suficientes para afirmar que a transmissão sexual do
zika vírus é possível.
Já havia ao menos um caso documentado de zika vírus possivelmente transmitido
por relação sexual, também nos Estados Unidos. Um estudo publicado na revista
científica "Emerging Infectious Diseases" em maio de 2011 relata o
caso de um cientista americano que, ao voltar do Senegal para os EUA em 2008,
quando o país africano era acometido por surto do zika vírus, desenvolveu os
sintomas da infecção já em casa, no estado do Colorado.
O fato de sua mulher, que não saíra dos Estados Unidos, também ter sido
infectada pelo zika foi interpretado pelos pesquisadores como um indício de uma
possível transmissão sexual, pelo sêmen, do vírus.
Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que
estava investigando um caso de transmissão do zika vírus por contato sexual,
sem dar detalhes de onde e quando o caso teria ocorrido.
Vacina
O laboratório francês Sanofi Pasteur informou, ontem, que lançou um
projeto de pesquisa na busca por uma vacina contra o zika. Por meio de nota, a
empresa destacou que a decisão tem como base um histórico de sucesso no
desenvolvimento de vacinas contra vírus semelhantes, como o da febre amarela, a
encefalite japonesa, e, mais recentemente, contra a dengue.
A empresa reforçou que o controle do mosquito Aedes aegypti continua a
ser uma medida importante para conter os casos de contaminação pelo vírus.
Atendendo a pedidos da presidente Dilma Rousseff, ministros da Saúde de
Brasil, Paraguai, Chile, Colômbia, Peru, México, Guiana, Uruguai e as
autoridades da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) se reunirão hoje em
Montevidéu para discutir a crise sanitária causada pelo zika vírus.
Aliança de países
Dilma defendeu, ontem, que os países da América Latina formem uma frente
de combate ao vírus, suspeito de ser o responsável pelo surto de microcefalia
no País. Em discurso após encontro com o presidente da Bolívia, Evo Morales, a
petista ressaltou a necessidade dos países trabalharem juntos e defendeu que a
queda nos casos de microcefalia é uma "tarefa coletiva" dos países.
A OMS disse, ontem, que está intensificando o combate ao surto de
microcefalia relacionada ao zika vírus na América Latina, que a entidade disse
temer que se espalhe para Ásia e África, locais com as mais altas taxas de
natalidade no mundo.
Anthony Costello, especialista da OMS, disse que a agência está
desenvolvendo "boas orientações" para grávidas e reunindo
especialistas para trabalhar em uma definição de microcefalia, incluindo uma
padronização da medida da cabeça dos bebês.
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