Um estudo brasileiro fortalece a teoria de que o vírus zika está
ligado à microcefalia e a outros defeitos congênitos em bebês.
O estudo, feito por pesquisadores
do Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, confirmou a presença do vírus zika
no líquido amniótico de duas mulheres que tiveram sintomas da doença durante a
gravidez e cujos fetos tinham microcefalia.
De acordo com os cientistas, isso
sugere que o vírus pode atravessar a placenta e infectar fetos.
Mas especialistas da
OMS (Organização Mundial da Saúde) alertam que o vínculo ainda não foi provado
e esperam divulgar novas informações nas próximas semanas.
Investigações
urgentes
De acordo com o
Ministério da Saúde, o Brasil investiga atualmente 3.935 casos suspeitos de
microcefalia em bebês. Até o momento, 508 casos já tiveram confirmação de
microcefalia e outros 837 casos notificados já foram descartados por
apresentarem exames normais.
A nova pesquisa, publicada na revista científica Lancet Infectious Diseases , envolveu duas
mulheres que tiveram febres, manchas vermelhas e dores musculares durante
a gravidez.
Após ultrassons mostrarem que os
fetos tinham microcefalia, cientistas fizeram mais exames do tipo amniocentese.
O procedimento consiste em
retirar uma pequena amostra do líquido amniótico que envolve o feto no útero.
Análises genéticas do fluido
confirmaram a presença do vírus zika.
A principal autora da pesquisa,
Ana de Filippis, disse que a pesquisa "mostra o vírus sendo identificado
diretamente no líquido amniótico de uma mulher durante a gravidez, sugerindo
que o vírus poderia cruzar a placenta e potencialmente infectar o feto".
Mas ela ressaltou que "o
estudo não pode determinar se o vírus identificado nestes dois casos foi a
causa da microcefalia nos bebês."
"Até entendermos o mecanismo
biológico ligando a zika à microcefalia, não podemos ter certeza que um causa o
outro, e mais pesquisas precisam ser feitas urgentemente."
Jimmy Whitworth, da London School
of Hygiene and Tropical Medicine, acrescentou que, embora não prove a relação,
"o estudo fortalece as evidências de que o vírus zika causa microcefalia
fetal no Brasil".
Separadamente, o estudo sugere
que o vírus, geneticamente, é muito semelhante ao zika vírus que circulou na
Polinésia Francesa em 2013.
Mas cientistas dizem que, apesar
do crescimento do interesse científico no assunto, muitas perguntas permanecem
sem respostas - como por exemplo a dimensão do risco de fetos de mães
infectadas por zika desenvolverem microcefalia e se o momento em que a infecção
ocorre faz diferença.
Smitha Mundasad, Da BBC News
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