Com a produção de 226.433
toneladas (t) de grãos em 2015, a safra cearense atingiu o pior resultado em 20
anos, revelou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O
resultado do ano apresentou uma redução de 80,21% da estimativa de produção
inicial (1,1 milhão t) e é 56,88% menor que a safra do ano anterior, quando
foram produzidas 525.146 toneladas de grãos.
O fato
de 2015 ter sido o quarto ano consecutivo de seca, com início tardio do período
chuvoso, e a centralização das poucas chuvas nas regiões do litoral, que não
são as maiores representantes da produção de grão no Estado, foram as razões
apontadas pelo instituto para explicar o baixo resultado no Ceará. As
perspectivas para a produção deste ano só devem ser reveladas no início de
fevereiro.
Cereais,
leguminosas e oleaginosas sofreram redução da ordem de 17,99% em relação à
previsão inicial. Apenas o feijão-de-corda de primeira safra e o milho (grão)
apresentaram uma área colhida maior que o ano anterior.
O
incremento é explicado pela necessidade do autoconsumo humano e animal, aliado
aos incentivos governamentais. Mesmo assim, devido às condições climáticas, os
rendimentos foram menores que em 2014.
Fruticultura
Já em
relação às frutas frescas, todos os produtos que compõe o grupo, exceto a uva,
apresentaram redução em relação à safra esperada no início de 2015.
A
produção total obtida foi de 817.402 toneladas, uma queda de 37,04% em relação
ao prognóstico de janeiro (1.298.199 t) e de 36,48%, comparando-se à safra 2014
(1.286.766 t).
A
produção de melão e melancia, dois importantes produtos para exportação, também
foi afetada. Houve uma redução de área como estratégia para otimizar a água
disponível, mas, com a gravidade da situação hídrica, o rendimento foi afetado.
Outro
problema foi que a seca favoreceu o aparecimento de pragas - com a pouca
disponibilidade de alimento, os insetos atacam as áreas verdes do cultivos.
O melão
acabou perdendo a liderança na participação da safra 2015 para a banana
irrigada, que apresentou crescimento em relação à produção do ano passado
devido à incorporação de novas áreas ao processo produtivo.
Ainda
com este aumento, o rendimento da banana foi menor que o obtido em 2014, também
afetado tanto pela escassez de água para a irrigação como pelas elevadas
temperaturas registradas no ano.
Tubérculos e raízes
Segundo
o estudo, a batata-doce, apesar de estar sendo muito ser muito demandada,
apresentou uma redução de 35,37% na produção comparando-se à safra esperada no
início deste ano (25.053 t) e 27,16% em relação à produção de 2014 devido às
condições climáticas.
Já a
mandioca de sequeiro apresentou menor produção em 2015, uma vez que, além da
escassez de chuvas, houve ainda o desmembramento da raiz em
"mandioca" e "macaxeira". Foram obtidas 336.294 toneladas,
uma redução de 49,62% em relação ao primeiro prognóstico (667.479 t) e 28,11%,
em relação à safra efetivamente obtida em 2014 (467.783 t).
A
mandioca irrigada, como todos os produtos irrigados, também foi afetada pela
pouca água disponível para a irrigação, além de ter sido desmembrada em
macaxeira irrigada. Por isto, foram obtidas 4.345 toneladas, o que significa
uma safra 60,06% menor que aquela obtida em 2014 (10.880 t) e menor 64,98%,
comparando-se à expectativa no início de 2015 (10.880 t).
Brasil
Em
situação oposta à do Ceará, a safra brasileira de grãos em 2015 chegou a 209,5
milhões de toneladas em 2015 e bateu recorde, superando em 7,7% a produção de
2014 (194,6 milhões de toneladas).
Em
2016, a previsão divulgada pelo IBGE é que o País colha 210,7 milhões de
toneladas, superando em 0,5% a produção do ano passado.
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