O próximo a vir ao Ceará
conhecer as produções de melão é o Japão, afirmou o presidente da Associação
Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Luiz
Roberto Barcelos, durante reunião de balanço da missão China no Estado. Segundo
ele, o processo está bastante avançado e inclui trocas de documentos com o
Brasil. A visita deve ocorre ainda neste primeiro semestre.
O
mercado japonês tem um perfil diferente do chinês, que visa a qualidade e o
valor agregado da fruta, mas com um volume menor do que seu vizinho asiático.
"Eles são mais exigentes em relação a qualidade da fruta e pagam muito
mais. Temos informações que um melão chega a custar para o consumidor final
entre U$ 80 e U$ 100 por lá", comentou Barcelos. Ambas as negociações,
segundo o empresário têm o apoio da ministra da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), Kátia Abreu, que tem trabalhado para abertura de novos
compradores.
Triplicar mercado
Barcelos
comentou que os chineses ficaram surpresos com o que viram. A China não está
num nível técnico e de cuidados que o Brasil tem. "Nossas condições de
produção são melhores que as deles. E a expectativa é muito positiva",
disse.
Na
região visitada pelos técnicos chineses, a produz é de 20 mil hectares. A
China, só no verão, produz 550 mil hectares. "É um potencial chinês
absurdo. A gente faz um cálculo que se abastecermos 10% do consumo deles no
inverno, período que eles não produzem, vamos exportar cerca de 50 mil
hectares, ou sejam quase três vezes do que produzimos", declarou Barcelos.
Hoje,
com este negócio com a China, é possível triplicar as exportações. Que
significa algo em torno de 600 mil toneladas de melão, ou U$ 300 milhões de
dólares. Atualmente, o maior volume vai para Europa.
Impressões chinesas
O
funcionário da Administração Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e
Quarentena de Animais e Plantas da República Popular da China (AQSIQ) - equivalente
ao Ministério da Agricultura brasileiro -, Li Gaohua, considera o melão
cearense top de linha, tanto em relação a fruta como ao empacotamento.
"Vivenciei
todo processo do cultivo. Desde a semeadura, passando pela plantação, colheita
e embalagem", contou. O objetivo da missão, junto ao técnico Yimiti
Resuli, foi conhecer e avaliar toda qualidade de produção e preparar um
relatório técnico para o governo chinês avaliar.
Resuli
considerou interessante tanto para o Brasil como para a China viabilizar o projeto
de exportação para o mercado chinês. "Todas as etapas do plantio, cuidados
e eliminação de pragas atinge a exigência e expectativa chinesa", disse. O
único ponto que não foi positivo, mas tratado normalmente pelos chineses, foi a
existência de uma praga que não existe na China.
Atualmente,
o país asiático tem acordo para importar melão do Uzbequistão, localizado no
Oriente Médio, que será finalizado este ano. De qualquer maneira não interfere
nos negócios com o Brasil, pois o período de plantação de lá é o mesmo da
China. E o abastecimento brasileiro será justamente para o período que não
acontece plantação nos campos chineses.
Otimismo
O
superintendente substituto Federal da Agricultura no Estado do Rio Grande do
Norte, Roberto Papa, contou que antes de começar a reunião estava muito
apreensivo, mas depois de finalizada ficou muito contente e tranquilo com o
resultado.
"Vejo
com tranquilidade a possibilidade de negociação entre os dois países",
afirmou. Para ele, e para todos os presentes, o que não ficou claro foi o tempo
em que a China dará a autorização fitossanitária.
Sobre a
praga comentada por um dos técnicos chineses, Papa considerou que pela
avaliação deles não foi encontrado nenhuma praga importante o suficiente para
barrar a exportação. E disse que, com certeza, se ela existir, "o Brasil
tem tecnologia de sobra para controlar, combater e evitar" que chegue até
o mercado de destino, seja qual for o país.
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