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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Experimentadores têm boas perspectivas

Orós O sertanejo depende da chuva para plantar e para ter água de beber e matar a sede dos animais. Nessa época do ano, os olhos estão todos voltados para o céu, para as plantas e para a natureza. É tempo de observação e de troca de conhecimento popular entre os agricultores. No sítio Aroeira, zona rural deste município, na região Centro-Sul do Ceará, foi realizado, na manhã de ontem, o 7º Encontro dos Guardadores de Experiências Populares de Chuva e de Sementes no Sertão.

O evento reuniu dezenas de agricultores e pesquisadores das experiências populares, que apresentaram seus relatos em uma roda de conversa sob a sombra de um pé de cajarana. Todos estão confiantes de que o Ceará terá boas chuvas entre os meses de fevereiro e maio. As observações populares estão, portanto, contrariando os primeiros prognósticos científicos que apontam maior probabilidade para a ocorrência de chuvas abaixo da média histórica na próxima quadra chuvosa.
A iniciativa é do projeto Sertão Vivo e tem por objetivo manter a tradição, a memória dos antepassados que nos meses de dezembro e janeiro costumavam fazer previsões acerca do período chuvoso no Ceará, que é conhecido por inverno.
O autor do projeto é o poeta e músico Zé Vicente, que avisa sem perder tempo: "Não é uma reunião de profetas, mas de guardadores de experiências populares, para manter viva a história, o costume do sertanejo, a preservação ambiental".
Confiante
O agricultor Antônio Alcântara, 82, está confiante na ocorrência de boas chuvas. "O vento Aracati não falhou um dia, veio forte, correu bem", disse. "No ano passado, eu disse que 2015 seria ruim, e foi, mas esse ano será bom, podem esperar". Baseado no vento, que costuma soprar do litoral para o sertão, nos meses de agosto a dezembro, Alcântara mostra esperança de que as águas vão escorrer e encher riachos, rios e açudes.
O comerciante e criador da cidade de Icó participou pelo segundo ano seguido do encontro e prevê que este ano será bem melhor que o passado. "As experiências dos dias 8, 18 e 28 de outubro, do dia 8 de dezembro e da lua cheia em dezembro foram muito boas", afirmou. "São observações que não falham".
Da cidade de Lavras da Mangabeira, os primos José Machado Neto, 47; e Gilsivan Gabriel, 65, disseram que a florada da aroeira, do pau d'arco, do ipê e do gonçalo-alves foram intensas e, por isso, prenunciam um bom período de chuvas para a alegria do sertanejo.
O agricultor Francisco Domingos Dias, 76, que há mais de 40 anos observa os sinais da natureza, disse que a barra de Natal foi favorável a boas chuvas. "Estava firme, com relâmpagos", observou. "As casas de Maria de Barro estão sendo feitas viradas para o poente". Já as experiências das pedras de sal, em dezembro passado, não foram boas. "Gostei do vento Aracati, foi um sinal muito bom", disse. Outros observaram a chuvada na noite de Natal como um sinal de "um bom inverno que está por vir".
O músico José Vicente, idealizador do Sertão Vivo, disse que o encontro de ontem, Dia de Reis, fecha o ciclo das festas natalinas. "O que lutamos é para a preservação da nossa cultura, da história, da natureza, do nosso sertão, que é vivo e quando chove todo fica verde, a vida pulsa, em cada roça volta a florir e floresce a esperança no coração de cada um de nós", afirmou.
Mais informações:
Sertão Vivo
Sítio Aroeira
Orós
Zé Vicente
E-mail: zvi@uol.com.br

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