Uma empresa cearense se tornou
a detentora da maior venda já realizada no setor brasileiro de energia eólica.
Trata-se da Casa dos Ventos, do empresário Mario Araripe, que anunciou a
comercialização dos parques eólicos Ventos de Santa Brígida (PE) e Ventos do
Araripe I (PI) para a operadora inglesa Cubico Sustainable Investments, em um
negócio que atingiu R$ 2 bilhões. De
acordo com o diretor de projetos e novos negócios da Casa dos Ventos, Lucas
Araripe, a previsão é que o parque eólico de Tianguá, que terá um total de 77
aerogeradores, entre em operação ainda em junho deste ano. Segundo ele, o
equipamento está com obras avançadas, com toda a parte de acesso concluída e a
montagem das turbinas já iniciadas.
"Em um primeiro momento, não pensamos
em vender o parque de Tianguá, pois a empresa quer desenvolver a estratégia de
também operar seus equipamentos por conta própria. Se surgir uma oportunidade,
nós avaliaremos, mas a prioridade não é esta", argumenta.
Além do
Complexo Eólico de Tianguá, a Casa dos Ventos também tem em construção, no
momento, mais dois parque eólicos. Um deles fica no município de Caetés, em
Pernambuco, e deve começar a operar em julho deste ano, com 127 aerogeradores e
capacidade para 216 MW, enquanto o outro, o maior dos três, abrange as cidades
de Simões (PI) e Araripina (PE), onde serão gerados 359 MW dos 156
aerogeradores que serão instalados no local. A previsão para o início das
operações é abril de 2017.
"O
Nordeste é o nosso maior foco, pois é a região que possui a melhor velocidade
média e constância dos ventos, que também não mudam de direção, o que garante
uma boa geração energética. Chegamos a prospectar áreas em Minas Gerais, Mato
Grosso do Sul e São Paulo, mas chegamos à conclusão de que é mais vantajoso
permanecer aqui", diz o diretor da Casa dos Ventos, que, entre os estados
nordestinos, só não está presente no Maranhão, Sergipe e Alagoas.
Novos projetos
Para o
futuro, a Casa dos Ventos já possui 15 GW em projetos eólicos em
desenvolvimento no Brasil, com terrenos arrendados e licenças ambientais
emitidas. Entre os planos há, inclusive, a ideia de ampliar o Complexo Eólico
de Tianguá, instalando mais 60MW no local, o que faria o equipamento ter um
investimento total de mais de R$ 1 bilhão, com capacidade para gerar 190 MW.
"Os projetos estão sendo desenvolvidos para irem aos leilões, que
continuaremos participando", conta Lucas Araripe.
O
diretor também revela que, entre os novos projetos da empresa, há também o
desejo de construir uma usina solar com capacidade para 120 MW em Tianguá, além
de parques eólicos nos município de Salitre, que fica na região da Chapada do
Araripe, Jaguaribe e Tauá. "Os projetos irão à leilão e, se vencerem,
ampliarão de forma significante nossa atuação no Ceará", complementa Araripe.
Ainda
conforme o diretor da Casa dos Ventos, a própria transação efetuada com a
inglesa Cubico possibilita que a companhia se posicione de maneira privilegiada
no setor, ficando mais sujeita a apostar em novos projetos. "Esse
movimento amplia nossa capacidade de investimento, nos permitindo viabilizar
projetos e aproveitar as oportunidades que surgirão em 2016", diz.
Evolução da empresa
Criada
em 2007 pelo cearense Mario Mamede, que também fundou a Construtora Colmeia e a
fabricante de veículos Troller, a Casa dos Ventos, inicialmente, vencia os
leilões de energia e vendia os direitos de construção para outros. Com o tempo,
a empresa decidiu construir suas próprias usinas para negociar os ativos
posteriormente. Agora, a ideia é dominar o próximo elo da cadeia, que é operar
os projetos.
"Estamos
muito focados em manter nossas usinas no longo prazo. Preparamos, inclusive, um
centro de manutenção em Maracanaú, de onde vamos operar nossos equipamentos em
todo o Nordeste. Queremos evoluir de forma gradativa, operando nossos parques.
Isso não quer dizer que não venderemos mais nenhum equipamento", destaca
Lucas Araripe.
Ele
ressalta que a empresa quer dominar a expertise da operação e manutenção de
parques, apostando. A Casa dos Ventos, aliás, vem investindo na compra de equipamentos
e no treinamento de equipes. "Por mais que faça sentido em algum momento
vender ativos, queremos ter uma quantidade representativa de ativos nossos
gerando", frisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário