A Secretaria da Saúde do Estado
(Sesa) comunicou, em boletim divulgado na última terça-feira (26), que até o
dia 25 de janeiro, foram notificados 229 casos suspeitos de microcefalia em 56
municípios, distribuídos em 16 das 22 Regiões de Saúde do estado. Dos casos
notificados, 218 estão em investigação. Quatro foram confirmados, mas apenas um
deles teve relação com o zika vírus.
A
anomalia resultou na morte de uma criança em Tejuçuoca. Sete outros casos foram
descartados. Os municípios com o maior número de ocorrências em investigação
são Fortaleza, com 76 casos (34,9% dos casos em todo o Estado); Maracanaú, com
30 casos (13,8% do total); e Maranguape, com 13 casos (6%).
A
microcefalia é uma infecção congênita que pode ter como causa diversos agentes
além do zika, como sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes
viral. Porém, segundo Robério Leite, pediatra do Hospital São José, o zika
vírus é potencialmente mais perigoso porque é transmitido pelo mosquito Aedes
aegypti, cuja proliferação é facilitada no período de chuvas.
"É
difícil dizer como começou a contaminação, mas o fato é que o vetor da doença
nos torna suscetíveis. Onde tem Aedes aegypti, existe a possibilidade de contaminação",
afirma. A microcefalia pode ser diagnosticada de forma intrauterina, quando o
médico compara, no exame de ultrassom, o diâmetro da cabeça do feto com o
esperado pela população em geral. Outra forma é medir a circunferência da
cabeça do bebê com fita métrica quando a criança nasce. A medida padrão é de
32cm para partos normais. Um último diagnóstico tem sido feito com uma técnica
chamada PCR, que pesquisa diretamente no sangue do paciente a presença de
material genético do vírus. O PCR é o método mais confiável, mas também o mais
caro. O serviço só está disponível nos laboratórios referência do Ministério da
Saúde.
"Ainda
não existe nenhum tratamento para a microcefalia, por isso a principal forma de
se defender é a prevenção. Por enquanto, é preciso realizar o controle dos
focos do mosquito. Também é importante proteger a gestante com o uso de calça e
camisa de manga comprida e a utilização repelentes", recomenda o pediatra.
O fortalecimento do combate ao Aedes aegypti é ainda mais importante porque o
mosquito transmite os vírus da dengue e da febre chikungunya.
Panorama nacional
O
Ministério da Saúde investiga 3.448 casos suspeitos de microcefalia em todo o
País. O boletim divulgado pelo órgão nesta quarta-feira (27) aponta também que
270 casos já tiveram confirmação, sendo seis relacionados ao zika vírus. Outros
462 casos notificados já foram descartados. Ao todo, 4.180 casos suspeitos de
microcefalia foram registrados até 23 de janeiro.
O
Nordeste concentra 86% dos casos notificados. Pernambuco tem o maior número de
casos em investigação (1.125), seguido da Paraíba (497), Bahia (471), Ceará
(218), Sergipe (172), Alagoas (158) e Rio Grande do Norte (133). O Ministério
distribuirá 500 mil testes para realizar o diagnóstico de PCR (biologia
molecular) para o Zika vírus. (Colaborou Nicolas Paulino)
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