O momento delicado da economia
brasileira tem atingido em cheio o comércio nacional, que já registra o pior
momento de vendas dos últimos 15 anos. Com a inflação elevada e o poder
aquisitivo das famílias reduzido, muitos deixam de comprar ou reduzem
drasticamente seus gastos, desencadeando assim resultados ruins para o setor e
um consequente fechamento de estabelecimentos.
No Ceará, por exemplo, 247
pontos comerciais com vínculo empregatício foram fechados entre janeiro e
outubro de 2015, o que representa 1,5% do total do Estado.
As
informações são de um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo (CNC), que foi divulgado ontem e tem como base os
dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do
Trabalho e Emprego. Conforme a pesquisa, houve queda de 9,1% no número de
estabelecimentos comerciais com vínculo empregatício no Brasil - desempenho
inédito em mais de uma década desse indicador, historicamente associado ao
comportamento das vendas no varejo.
Segundo o presidente da Câmara
de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Severino Ramalho Neto, apesar da
média de fechamento de estabelecimentos comerciais do Ceará ser menor do que a
do País, isso não quer dizer que a situação do Estado esteja melhor. "A
dificuldade existe, já que as contas estão difíceis de fechar. O ticket médio
caiu e a inflação pressiona os preços dos produtos. Assim, temos que trabalhar
muito para conseguir deixar os estoques atraentes aos consumidores".
Ainda
para Severino Neto, o fechamento de 247 pontos comerciais no Ceará não mostra,
de fato, um cenário ruim. "É um número unilateral, que não revela quantos
estabelecimentos abriram. Além disso, uma redução de 1,5% não pode ser
considerada retração, mas uma estabilidade. Óbvio que isso não é bom, mas, em
um cenário de instabilidade, também não é ruim", comenta. O presidente da
CDL também disse que é cedo para projetar o desempenho do varejo nas compras de
Natal, mas afirmou que não é provável que a data supere o bom desempenho do
setor na Black Friday.
Números reais
Em
termos absolutos, o varejo perdeu 64,5 mil estabelecimentos no Brasil ao longo
de 2015. O segmento de hiper e supermercados, responsável por 32,6% das lojas
em operação, liderou a queda, com a extinção de 15,5 mil pontos de vendas. Em
seguida, vieram os segmentos de vestuário (-9,7 mil) e de materiais de
construção (-9,5 mil).
O Nordeste
em geral fechou 4.843 estabelecimentos entre janeiro e outubro deste ano,
sendo, portanto, a terceira região que mais perdeu pontos de venda - Sudeste
(-37.359) e Sul (-17.359) lideraram. Ainda na análise nordestina, apenas um dos
nove estados apresentou evolução no período, tendo em vista que a Paraíba abriu
40 estabelecimentos. Por outro lado, Bahia (-1.617), Pernambuco (-1.172) e Rio
Grande do Norte (-624) lideraram as quedas, seguidos por Alagoas, com 470
pontos de venda a menos.
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