O número de crianças com menos
de cinco anos que contraíram Aids vítima da transmissão vertical - aquela que
acontece da mãe soropositiva para o bebê durante a gravidez, parto ou a
amamentação - caiu 80% no Ceará em relação a 2014. De acordo com os dados do
boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), a taxa de
detecção no ano passado foi de dez casos. Em 2015, apesar de ainda nem terem
sido contabilizados no estudo, a supervisora do Núcleo de Prevenção e Controle
de Doença e Agravos da Sesa, Telma Martins afirma que foram registrados dois
casos.
O
avanço positivo, segundo a supervisora, é resultado da ampliação do teste
rápido de HIV disponibilizado gratuitamente na rede básica associada à maior
adesão dos municípios ao protocolo de prevenção da transmissão vertical. O
número de testes rápidos de HIV realizados em 2015 foi 145.582, de janeiro a
novembro, enquanto que durante todo o ano passado foram 101.363.
Diagnóstico precoce
"O
acesso ao teste rápido, que começou em 2011 e fomos ampliando progressivamente,
é a grande arma para o diagnóstico precoce. Quanto mais cedo conseguirmos
detectar o HIV e o protocolo seguido pelos profissionais da saúde, as chances
de transmissão cai para menos de 2%", comemora ela, informando que o exame
é mais barato que o Elisa, teste sorológico, e tem uma boa sensibilidade para o
diagnóstico. "Tínhamos caso de gestante que fazia o Elisa e só recebia o
resultado quando já tinha parido", compara.
No entanto,
Telma reconhece que o desafio agora é ampliar o diagnóstico no primeiro
trimestre da gestação. Cerca de 80% da detecção acontece no primeiro e segundo
trimestre. "A gente ainda está longe. Este ano, só conseguimos fazer esse
diagnóstico no primeiro trimestre em 37% das gestantes com HIV". Outro
ponto em que se faz a ressalva é que existe um número grande de mulheres
vulneráveis que não entram nesses dados do boletim.
O Ceará
tem registrado em média 200 casos novos de HIV em gestantes anualmente desde
2007. Observa-se, entretanto um crescimento das taxa de detecção de HIV nesta
população a partir do ano de 2012, o que pode ser atribuído à ampliação do
acesso ao teste de HIV no pré-natal. Contudo, apesar da ampliação da taxa, o
número de gestantes identificadas com HIV está abaixo do estimado no estado do
Ceará.
Acesso
"Existe
uma parte de mulheres em vulnerabilidade social, como as moradoras de rua,
viciadas em drogas, portadoras de deficiência mental e com menor grau de
instrução que precisam ter acesso ao pré-natal e ao protocolo de
atendimento", reconhece. O cenário local é semelhante ao nacional, que vem
conseguindo reduzir significativamente a transmissão vertical. A redução, em 18
anos, foi de 50%.
A Rede
Cegonha, implantada em 2011 pela União com o foco na gestante, ajudou a reduzir
esses índices. Apesar dos bons resultados com o HIV, a sífilis congênita não
foi reduzida. "No caso da sífilis, a gente sabe que o que pesa além do
diagnóstico precoce é o tratamento do parceiro. Só 20% faz esse tratamento, o
que complica muito".
Fique por dentro
Teste rápido mostra resultado em meia hora
O teste
rápido permite que, em apenas meia hora, o paciente faça o teste, conheça o
resultado e receba o serviço de aconselhamento necessário. Distribuído
gratuitamente para serviços de saúde da rede pública, este teste rápido é
utilizado na maior parte das ações do Fique Sabendo do Departamento de DS, Aids
e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, principalmente devido a sua
agilidade e praticidade.
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