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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Térmicas seguem como seguro para crise hídrica

Com a crise hídrica que atinge o País, o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas vem caindo de forma acelerada nos últimos anos. No Nordeste a situação é mais crítica. Os reservatórios da região fecharam o mês de novembro com apenas 4,73% da capacidade total, no mais baixo nível da série histórica iniciada em 1996, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

 Em abril, os reservatórios estavam com 27,4% da capacidade máxima e, desde então, o nível vem caindo mês após mês.
Apesar desse cenário, ainda é pouco provável que haja desabastecimento de energia - pelo menos no curto prazo -, pois devido à crise econômica o consumo de energia vem caindo e, além disso, o Sistema Interligado Nacional (SIN) ainda conta com usinas termelétricas que podem ser acionadas em caso de necessidade.
Segundo João Mamede Filho, professor e consultor em energia, as termelétricas nordestinas podem arcar com cerca de 30% a 40% da demanda total da Região. "O estado crítico das barragens do Nordeste não vai ocasionar um apagão. Apesar de Sobradinho (BA), que tem mais da metade de todo o potencial do Nordeste, estar com uma geração muito pequena, a região tem um certo número de térmicas que podem dar um suporte", afirma. O reservatório de Sobradinho, no rio São Francisco, que representa 58,2% da capacidade máxima de armazenamento de todo o Nordeste, está com apenas 1,4% da sua capacidade máxima.
Desde 1996, o pior resultado para o mês de novembro para o volume de água armazenada no Nordeste havia sido registrado em 2001, quando os reservatórios estavam com 7,84% da capacidade máxima, bem acima dos atuais 4,73%. Para efeito de comparação, em novembro de 2011 os reservatórios da Região estavam com 47,9% da capacidade, percentual que vem caindo ano após ano para o mês de novembro. No ano passado, o nível no mês estava em 13,03%.
Com o declínio dos reservatórios nacionais, a participação da produção termelétrica vem crescendo. Era de 16,61% do total em dezembro de 2012, e agora está em 22,16%. Em igual período, a participação das hidrelétrica caiu de 79,7% para 70,99%. Enquanto a participação das eólicas no SIN, com a implantação de novos projetos, passou 0,76% para 3,12%.
Preço da tarifa
Mesmo que as térmicas tenham capacidade de suprir a demanda, se os reservatórios não se recuperarem, o valor das tarifas de energia devem subir, pois enquanto preço do Megawatt-hora (MWh) gerado por uma termelétrica gira em torno de R$ 205, nas grandes hidrelétricas o preço é de R$ 114 e nas eólicas de R$ 136, segundo dados do leilão A-5, realizado no fim do ano passado, para a energia que deve ser entregue em 2019.
"Na medida em que as termelétricas são acionadas, para reduzir o uso das águas, os preços podem subir bastante", lembra João Mamede. "É como você usar o cheque especial. Se não dá para usar a hidráulica tem que usar as térmicas", emenda. Mas, segundo o consultor, se o reservatório de Tucuruí, que representa 51,53% da capacidade de armazenamento da região Norte e hoje está com 16,8% da capacidade máxima, se recuperar, será um alívio para a região.
Entretanto, a situação pode se agravar ainda mais se as chuvas no Sudeste forem insuficientes nos próximos meses. Mamede lembra que o próprio reservatório de Sobradinho depende mais da ocorrência de chuvas em Minas Gerais do que no Nordeste. "Se o Sudeste não for abastecido, entraremos em uma situação crítica", afirma.
Queda do consumo
No entanto, o encolhimento da economia brasileira e a perspectiva de uma nova retração em 2016 acabam diminuindo o risco de apagão. "No ano passado a gente não teve desabastecimento (de energia) porque a nossa economia afundou", diz Mamede. "Se mantivéssemos uma economia crescendo, possivelmente a gente poderia ter alguma perda de energia", fala.
Em setembro, o consumo de energia elétrica no País caiu 3,1%, comparado a setembro de 2014, atingindo 37.701 gigawatts-hora (GWh). Segundo levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), todas as classes de consumo sofreram recuo no período, sendo a industrial a que registrou maior queda (-6,3%), enquanto consumo residencial caiu 1,7% e o comercial, 0,8%. Já no acumulado do ano, o setor comercial continua registrando alta de 1,1%, enquanto o residencial caiu 0,7%.
A produção de energia das usinas conectadas ao SIN, para o dia seis de dezembro, atingiu o pico em 2013, com a produção de 66,4 mil MW. Em 2014, a produção caiu para 58,9 mil MW e, no último domingo (6), foi de 53,6 mil MW. O mesmo fenômeno ocorreu no Nordeste, onde a produção caiu de 10,3 mil MW, em seis de dezembro de 2013, para 9,5 mil MW no mesmo dia deste ano.
No Ceará
Hoje, no Estado, 99,6% do potencial de geração de energia está concentrado entre usinas térmicas (61,11%) e eólicas (38,57%), segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O Estado possui 84 empreendimentos em operação gerando 3,19 MW. E para os próximos anos está prevista uma adição de 1,98 MW proveniente dos 22 empreendimentos em construção atualmente no Estado, além de outros 45 em construção não iniciada.

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