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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

STF suspende andamento do processo

Brasília. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, suspendeu, na noite de ontem, o andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados. A decisão vale até o julgamento pelo plenário do Supremo no próximo dia 16, que vai avaliar ações de governistas que questionam o início do pedido de afastamento da petista na Casa.

Em sua decisão, Fachin proibiu que seja instalada a comissão especial que irá analisar o processo e suspendeu todos os prazos. O ministro, no entanto, não anulou os atos praticados até agora, como a eleição realizada na tarde de ontem que elegeu maioria oposicionista para o colegiado.
As decisões tomadas pela Câmara serão avaliadas pelo Supremo. Fachin analisou uma ação apresentada pelo PC do B pedindo que a votação da comissão fosse aberta e que os nomes fossem indicados por partidos e não blocos formados pelas legendas - além de que o processo na Câmara ficasse paralisado até que Dilma apresente sua defesa.
"Com o objetivo de evitar a prática de atos que eventualmente poderão ser invalidados pelo Supremo Tribunal Federal, obstar aumento de instabilidade jurídica com profusão de medidas judiciais posteriores e pontuais determinando a suspensão da formação e a não instalação da Comissão Especial, bem como dos eventuais prazos, inclusive aqueles, em tese, em curso, preservando-se, ao menos até a decisão do Supremo Tribunal Federal prevista para 16/12/2015, todos os atos até este momento praticados".
Após a briga entre deputados governistas e da oposição, o plenário da Câmara havia definido, ontem, em votação secreta por 272 a 199 votos, a chapa oposicionista para compor a Comissão Especial que pode ser formada para decidir pela continuidade ou arquivamento do processo de impeachment da presidente Dilma.
A decisão pela votação secreta desencadeou um tumulto geral no plenário, com gritaria, pedidos de adiamento da votação e até quebra das urnas.
A chapa eleita, batizada de "Mudando o Brasil", tem 39 deputados de 13 partidos - PSDB, SD, DEM, PPS, PSC, PMDB, PHS, PP, PTB, PEN, PMB, PSB e PSD, mas a Comissão Especial deve ser formada por 65 deputados. Os partidos que não tiveram indicações na chapa vencedora teriam, segundo Cunha, até as 14h de hoje para indicar os nomes restantes para a comissão.
Votação fechada
Na votação, parlamentares da base e da oposição entraram em confronto e deputados governistas chegaram a quebrar dez das 14 urnas para tentar obstruir a votação. Diante disso, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acionou os seguranças da Casa para garantir a "liberdade de votação". Ele afirmou que a eleição se daria sem qualquer tipo de pronunciamento. Enquanto isso, governistas abriram uma bandeira do Brasil na mesa da Câmara dos Deputados. Cunha pediu que os parlamentares realizassem as manifestações no plenário e não na mesa da Casa.
Antes da confusão, a base do governo pediu questão de ordem, mas Cunha não acatou afirmando que "não há questão de ordem e sim uma reclamação" por parte do deputado Paulo Teixeira (PT-SP). Em seguida, ele deu a palavra à deputada Jandira Feghali (PC do B - RJ), que também pediu questão de ordem e solicitou que a votação fosse realizada de forma aberta.
"É inconstitucional", disse. O deputado Wadih Damous (PT-RJ) disse que a Constituição só estabelece votação secreta para casos excepcionais e engrossou o coro de Jandira. "Vossa excelência está inovando e está dando golpe parlamentar nesta Casa, não podemos admitir isso", afirmou. Cunha também não acatou as solicitações.
O governo, por sua vez, avaliou que o clima de rebelião criado com o vazamento da carta escrita pelo vice Michel Temer à presidente Dilma, na qual ele se queixa do tratamento dado ao PMDB, contribuiu para a derrota do Palácio do Planalto no primeiro teste do impeachment.
Em conversas reservadas, petistas culparam Temer pelo agravamento da crise política e disseram que o gesto dele, rompendo com o governo, funcionou como um gatilho para que alas do PMDB e de outros partidos da base aliada se rebelassem contra a presidente.
"Quem apertou o botão do impeachment foi o PT, e não o Temer", reagiu Cunha. Depois de muitas idas e vindas, os três deputados do partido no Conselho de Ética da Câmara decidiram votar contra o presidente da Casa, acusado de manter contas secretas na Suíça com dinheiro desviado da Petrobras. Cunha nega as acusações e aponta "perseguição" do Planalto.
Xingamentos
"A Câmara dos Deputados teve um dia para ser esquecido". Esta avaliação foi repetida tanto por governistas como por oposicionistas durante a votação de ontem para a composição da Comissão Especial do impeachment.
Na tentativa de impedir o processo de escolha, aliados a Dilma permaneceram dentro das cabines de votação para impedir a entrada dos demais.
A confusão teve início quando o deputado federal Paulinho da Força (SDD-SP) tentou ingressar em um dos postos de votação e acabou impedido por Jorge Solla (PT-BA). "Você é um banana e não é guarda da urna", disse Paulinho. "Banana é você", respondeu Solla.
Com a confusão, o áudio da TV Câmara chegou a ser retirado do ar. O presidente da Casa afirmou que serão analisadas imagens do imbróglio e que envolvidos poderão ser punidos. "Aqui não é uma briga de galo. É uma falta de respeito, de regras e de estética parlamentar", disse o líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE).
Ao fim da eleição, oposicionistas exibiram ao menos três réplicas do boneco Pichuleco, sátira do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido de presidiário e cantaram "ai, ai, ai... Tá chegando a hora, o dia já vem raiando, meu bem, e a Dilma vai ir embora". Em reação, a base aliada fez coro de "não vai ter golpe".
Possíveis Passos
Caso o STF avalie que o processo pode avançar na Câmara, as etapas seguintes são:
- Votação suplementar
Elegerá membros da comissão para as 26 vagas restantes
- Definição de funções
Uma vez instalada, a comissão se reúne para eleger o presidente e o relator -não há data marcada
- Decisão
A comissão vota um parecer e, qualquer que seja o resultado, o caso vai ao plenário da Câmara
- Veredito
Se ao menos 342 deputados avalizarem o impeachment, a presidente é afastada por 180 dias. O vice assume e o caso vai ao Senado
- Desfecho
Se ao menos 42 senadores a condenarem, a presidente fica inelegível por oito anos.

http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/nacional/stf-suspende-andamento-do-processo-1.1450155

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