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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Oposição aguarda STF fazer esclarecimentos

Brasília. Representantes de partidos de oposição na Câmara dos Deputados disseram, ontem, que só haverá retomada da votação da formação da comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) quando forem julgados embargos declaratórios que serão impetrados pela Casa no Supremo Tribunal Federal (STF). Embargos declaratórios são pedidos feitos ao tribunal que emitiu a sentença, para esclarecer eventuais tópicos obscuros ou omissões.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que o pedido de impeachment contra Dilma só pode começar a ser analisado quando o STF sanar dúvidas que a Casa protocolará na Corte. Segundo ele, não será possível instalar a comissão especial que analisará o eventual afastamento da petista até que sejam esclarecidas brechas em relação à escolha de seus integrantes.
Cunha foi denunciado sob a acusação de integrar esquema de corrupção na Petrobras e teve o pedido de afastamento apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Aposta em desgaste
A estratégia de Cunha é reiniciar o processo de impeachment apenas em março, quando a perspectiva da oposição e dele é de uma piora nos cenários político e econômico no País, o que aumentaria o desgaste de Dilma. "Ficará paralisado tudo até o esclarecimento, inclusive a comissão do impeachment", disse.
Segundo o líder da minoria, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), os oposicionistas estudam a possibilidade de obstruir votações na Casa a partir de fevereiro até que o STF dê celeridade ao julgamento dos embargos. "Esse tema levará mais tempo para ser decidido. O governo terá de conviver com esse fantasma pairando sobre a presidente Dilma", provocou Araújo.
Cunha e líderes partidários solicitaram para hoje audiência com o presidente da Corte, Ricardo Lewandowski, para tirar dúvidas sobre a decisão do STF sobre o rito do impeachment. O STF não havia confirmado a reunião até as 18h de ontem. A oposição quer que o STF julgue os embargos com a mesma brevidade com que decidiu sobre o rito.
Araújo destacou que a garantia de inscrição de chapa alternativa é "posição pétrea" para partidos de oposição e considera impossível conceber a "ditadura" da chapa única.
"O Congresso é a Casa da democracia. Na divergência, se resolve no voto", concordou o líder do DEM, Mendonça Filho (PE).
O líder do DEM defendeu seu projeto de resolução para permitir regimentalmente que haja a inscrição de candidatura alternativa. Para Mendonça, a proposta "consagra no regimento a figura histórica da candidatura avulsa". Ele declarou que a proposta não é afronta ao STF, mas uma adaptação à decisão da Corte.
Os oposicionistas precisam de 257 votos para pedir que o projeto de resolução tramite em caráter de urgência. O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), informou que Cunha convidou todos os líderes partidários para a reunião no STF. Segundo Paulinho, ficaram dúvidas sobre como será formada a comissão que avalia o processo de impeachment na Câmara, como será a eleição de presidente e relator no colegiado e como fica, agora, a formação de comissões permanentes na Casa.
Derrota
O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), acusou a oposição de não querer acatar a decisão do STF. "Eles sofreram uma extraordinária derrota. Tem gente que não quer cumprir decisão do STF. Era só o que faltava", disse.
"Essa é mais uma astuciosa manobra de quem não tem pauta para o País", afirmou sobre a proposta de Mendonça Filho.
"O texto burla e afronta a decisão do Supremo", criticou também o líder do PMDB, Leonardo Picciani. Segundo ele, os líderes do governo e de partidos como PT, PTB, PCdoB, PRB, PROS e PMDB se comprometeram a votar contra a proposta e não assinar requerimento de urgência para apreciação da matéria.
Uma pesquisa Datafolha realizada com deputados federais entre os dias 7 e 18 de dezembro mostrou que 42% (o equivalente a 215 votos, dos 342 necessários) dos parlamentares votariam a favor do impeachment de Dilma. Os que votariam contra representam 31% (159 votantes). Já os indecisos ou que não responderam ao levantamento somam 27% (138 deputados).

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