Divulgado ontem, o mais recente
boletim epidemiológico do Ministério da Saúde revelou que, além dos nove
registros de microcefalia já confirmados neste ano, o Ceará tem 25 casos
suspeitos do agravo em investigação. Dentre as 14 unidades da federação com
notificações da doença, o Estado ocupa a 8ª posição. Até o dia 28 de novembro,
a quantidade de casos notificados em 2015 já supera, e muito, a contabilizada
em anos anteriores. Entre 2010 e 2014, o Ceará somou 33 notificações.
Conforme
a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), que também lançou um novo boletim
ontem, dos 25 casos notificados, 12 são de Fortaleza e quatro de Barbalha. Os
municípios de Itapajé, Tejuçuoca, Banabuiú, Limoeiro do Norte, Morrinhos,
Mauriti, Crato, Missão Velha e Horizonte tiveram uma notificação cada.
Um óbito suspeito foi
registrado no Estado em decorrência de complicações causadas pela anomalia.
Trata-se da criança cujos exames comprovaram, no último sábado (28), a relação
entre o surto de microcefalia no Nordeste e o vírus zika, transmitido pelo
mosquito Aedes aegypti.
Conforme
o boletim da Sesa, "todos os casos suspeitos notificados estão sendo
investigados minuciosamente. Os resultados preliminares deste trabalho serão
divulgados na medida em que estejam finalizados". O órgão afirma que está
elaborando protocolos de investigação epidemiológica, conduta clínica e
fluxogramas de atendimento e acompanhamento nos serviços de saúde para casos
suspeitos em recém-nascidos.
Epidemia
Neste
ano, o Ministério totalizou 1.248 notificações de microcefalia em todo o
Brasil. A anomalia é uma má-formação congênita, em que o cérebro não se
desenvolve de maneira adequada. O agravo pode ser efeito de infecções como a
febre por vírus zika. Pernambuco é o Estado com mais casos suspeitos neste ano
(646 registros), seguido da Paraíba (248) e do Rio Grande do Norte (79).
O
infectologista pediátrico Robério Leite, do Hospital São José (HSJ), afirma que
existe, hoje, preocupação por parte da classe médica sobre a possível ocorrência
de uma epidemia de microcefalia no Ceará, a exemplo da observada em Pernambuco.
"É preocupante, ainda mais porque, do ponto de vista de clima e da
capacidade de reprodução do mosquito, as condições de Pernambuco e do Ceará são
muito semelhantes", afirma.
O
médico acredita que, por ora, uma das únicas formas de prevenção é o combate ao
Aedes aegypt. "O combate é fundamental. Ainda acredito que uma mobilização
de toda a sociedade, e não só do Governo, possa reduzir a taxa de ataque do
mosquito", acrescenta.
No
boletim divulgado ontem, o Ministério da Saúde informou que irá orientar a rede
de saúde e a população a respeito da microcefalia conforme os resultados das
investigações.
Aos
profissionais de saúde, a Pasta recomenda a comunicação imediata de casos
suspeitos e o reforço de ações de controle vetorial. Para as gestantes, a
indicação é manter o acompanhamento da gravidez por meio de exames e consultas
pré-natal. O Ministério da Saúde também destaca a importância de medidas que
minimizem a presença dos mosquitos transmissores.
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