As elevações no preço da
gasolina estão fazendo os brasileiros colocarem o "pé no freio"
quando o assunto é abastecer o veículo. No Ceará, a demanda pelo combustível em
2015 deverá ser 2% menor em relação ao ano passado, de acordo com projeção do
consultor em petróleo e gás, Bruno Iughetti. A expectativa para o País é que a
retração chegue a 10%.
"Se
nós não tivermos medidas ortodoxas na economia brasileira, que busquem
contornar a atual situação financeira, vamos ver o preço do litro da gasolina,
que ainda não foi totalmente realinhado pela Petrobras, ultrapassar a casa dos
R$ 4 em 2016", aponta, lembrando que o litro do produto está sendo
comercializado ao consumidor final por um valor médio de R$ 3,83 nos postos do
Ceará.
De
janeiro a outubro de 2015, o Brasil já acumula uma queda de 7,26% no consumo de
gasolina comum, na comparação com igual período de 2014. Nos primeiros dez
meses do ano passado, as distribuidoras de combustíveis autorizadas pela
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) repassaram às
revendedoras 36,6 bilhões de litros de gasolina, número que caiu para 33,94
bilhões de litros em igual período do ano passado.
No Ceará, a demanda ficou
praticamente estável, crescendo apenas 0,9%. De janeiro a outubro de 2014, as
revendedoras compraram das distribuidoras 1,107 bilhão de litros do
combustível, quantidade que fechou em 1,108 bilhão de litros em igual período
deste ano.
Nos
primeiros dez meses de 2015, a procura por gasolina no Estado subiu em janeiro
(10,55%), março (5,19%), abril (1,41%), junho (5,54%), e julho (0,07%). Por
outro lado, apresentou retração em fevereiro (- 2,87), maio (- 2,82), agosto (-
4,16), setembro (- 4,29) e outubro (6,9%).
Sem alternativas
"Os
número ainda não foram computados pela ANP, mas, certamente, haverá redução
também nos meses de novembro e dezembro no Ceará, considerando o último
reajuste no preço da gasolina. Por conta do panorama político e econômico do
País, os consumidores estão mudando alguns hábitos. Uma família que utilizava
de dois a três carros por dia, por exemplo, agora só usa um", observa
Iughetti.
De
acordo com o consultor, atualmente, não existe no Brasil um combustível que
seja uma alternativa à gasolina em termos de economia. Isso porque também foram
praticados reajustes sobre os preços do Gás Natural Veicular (GNV) e do etanol.
No Ceará, o metro cúbico do GNV está sendo vendido a um preço médio de R$ 2,61,
conforme o último levantamento da ANP. Já o litro do etanol custa, em média, R$
3,02.
"Não
há como fugir dos preços altos. Nos postos de combustíveis cearenses, o etanol
não representa nenhuma economia, pois o preço do álcool passa de 70% do valor
da gasolina. Isso não é interessante para o consumidor. O GNV, por sua vez, que
é um combustível limpo e deveria ser bem mais barato, está se transformando no
vilão da história", acrescenta. Segundo Iughetti, embora o barril do
petróleo esteja sendo vendido no mercado exterior abaixo dos US$ 40 - o menor
valor desde 2009 - a gasolina poderá ficar ainda mais cara no Brasil em 2016.
Esse descompassado, considera o consultor, se deve ao fato de a Petrobras ter
segurado os preços do produto por quase cinco anos.
"Os
reajustes deveriam ter começado ainda em 2010, mas a Petrobras assumiu esse
custo, praticando preços artificiais, e acabou ficando com seu caixa defasado.
Agora, o consumidor é quem está pagando a conta", explica o consultor.
Retração pode chegar a 8%
Para o
Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará
(Sindipostos), "um dos principais fatores para essa retração é a queda de
mais de 30% na produção de veículos, assim como a crescente busca pelo
abastecimento por etanol, combustível com valor venal inferior ao da
gasolina". Em nota, o Sindipostos afirma que, "segundo contato com as
distribuidoras de combustíveis, a retração em 2015 no consumo da gasolina pode
chegar a 8%"
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