A Polícia Civil do Estado do
Ceará (PCCE) investiga um suposto atentado realizado na noite de ontem. Um
veículo da Delegacia de Capturas e Polinter (Decap), adesivado, foi incendiado
na calçada do 8º DP (José Walter) e um batalhão militar foi alvo de tiros, no
bairro Damas.Dois
homens são suspeitos de terem iniciado o incêndio no carro oficial. Imagens das
câmeras de segurança da Delegacia mostram o momento em que a dupla se aproxima
do veículo e dá início ao incêndio.
Já os tiros contra a 3ª Cia do 6º Batalhão,
no bairro Damas, foram efetuados por pessoas a bordo de dois carros. Uma das
hipóteses levantadas seria o cumprimento de ameaças divulgadas ontem em redes
sociais, indicando suposta ordem dada por facção criminosa.
As
ações aconteceram na noite de ontem. Conforme o comandante do Comando de
Policiamento da Capital (CPC), coronel Francisco Souto, dois homens foram
vistos incendiando o veículo da Polícia. Segundo o oficial, os suspeitos atearam
fogo ao carro e fugiram do local em uma motocicleta de cor preta. Até o
fechamento desta edição, ninguém havia sido preso. A delegacia não é
plantonista e estava fechada, com alguns carros estacionados. Apenas o veículo
policial foi atingido.
As
chamas foram controladas rapidamente e não houve relato de feridos na ação.
Equipes da Polícia Militar e da Coordenadoria de Inteligência (Coin) da
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) iniciaram as buscas
pelos suspeitos.
Logo
após a confirmação do atentado, outras informações desencontradas surgiram, em
forma de boatos, afirmando haver situações semelhantes em diversos pontos da
cidade.
Segundo
populares, fogos de artifício foram ouvidos durante a noite. As explosões,
conforme os relatos, aconteceram em comunidades onde o tráfico de drogas possui
forte atuação, na Capital e na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). As
informações eram de que havia ali cenário de comemoração.
Ameaças
Durante
o domingo, duas mensagens com ameaças aos agentes de segurança pública
circularam pelas redes sociais. A SSPDS afirmou que a Polícia Civil investiga a
autoria material e intelectual das duas ordens, uma em vídeo e a outra em
mensagem de texto.
No
texto, é citado um 'salve', isto é, ordem dada por facção criminosa para o
cometimento de crimes, marcado para uma noite não especificada.
A ordem
enviada pelos chefes criminosos, conforme o escrito, era "matar tudo
(sic)", tendo como alvos agentes da Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo
de Bombeiros, Guarda Municipal e Agentes Penitenciários.
"Deixamos
bem claro aqui que não é pra tacar fogo em ônibus, não é pra atacar faculdades.
Não é pra parar a BR. Não é pra atacar fórum. Não é pra atacar Ministério
Público. A guerra e a cobrança é só em cima dos fardados do governo
(sic)", diz o texto, que foi amplamente divulgado durante o domingo.
Já no
vídeo, um suspeito de identidade não revelada, diz ter ligação com o latrocínio
do soldado do Ronda do Quarteirão, Valterberg Chaves Serpa. O militar foi
assassinado na noite da última quarta-feira (11), no bairro Lagoa Redonda, na
Grande Messejana, após tentar defender a esposa que era vítima de assalto.
Conforme
o vídeo, o suspeito diz que não tem problema em ser identificado e faz diversas
ameaças aos policiais. "Viu o policial morto lá na Messejana? Foi um dos
nossos que derrubou. Vamos derrubar mais desses fardados. Vamos botar pra
matar. Olha aqui a cara do sujeito (mostra o rosto), sujeito é homem".
Relações
A SSPDS
também não confirmou se há ligação entre o atentado ao carro da Polícia e as
mortes ocorridas na Grande Messejana.
Na
madrugada de quinta-feira (12), pelo menos 11 pessoas foram mortas noas bairros
Curió e São Miguel, pertencentes à Área Integrada de Segurança (AIS) 4. Naquela
ocasião, conforme relatos de testemunhas, as vítimas foram arrancadas de dentro
das casas e executadas em plena via pública, com tiros na cabeça. Até o
momento, ninguém foi responsabilizado. As linhas de investigação apontam para
vários caminhos. Os principais, de acordo com a SSPDS, seriam retaliação pela
morte do policial militar na quarta-feira ou briga de grupos rivais que
disputam o tráfico de drogas naquela área. Nesta última possibilidade, há dois
fatores em questão, que seriam a prisão de Carlos Alexandre da Silva, o
'Castor', de 39 anos e a morte de Lindemberg Vieira Dias, 31.
'Castor'
foi capturado em operação conjunta da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP) com ao 6º DP (Messejana) na última terça-feira (10). Ele é apontado como
um dos mentores da chamada 'Chacina da Cinquentinha', em que cinco pessoas
foram mortas na Favela da Cinquentinha, bairro Tancredo Neves, em Fortaleza, no
último dia 30 de agosto. Já Lindemberg foi assassinado com dezenas de tiros de
fuzil na rotatória da Avenida Osório de Paiva, em Maracanaú, na tarde de
quarta-feira (11). Ex-detento, havia sido recém liberado da prisão.
Ousadia
Na
última terça-feira (10), o jornal publicou denúncias feitas por policiais
militares que atuam em Caucaia, na RMF. Conforme os relatos, pelo menos dois
detentos, recolhidos em uma unidade prisional, estariam fazendo ameaças
direcionadas. Segundo os PMs, a ordem dos suspeitos era matar os agentes
envolvidos nas prisões de um grupo criminoso que seria responsável pelo tráfico
de drogas no Parque Leblon.
"Quando
o homem foi preso, em janeiro deste ano, ele ofereceu aos policiais a quantia
de R$ 50 mil para que o liberassem e outros R$ 20 mil pela soltura dos quatro
comparsas que também foram presos. A equipe recusou e manteve as prisões. Os
traficantes então puseram outros homens para comandar o crime na favela e de
dentro do presídio começaram a passar ordens para matar os policiais que os
prenderam", relatou, à época, um dos policiais ameaçados. O suspeito em
questão, suposto autor das ameaças aos PMs de Caucaia, responde por homicídio,
tráfico de drogas, roubo e porte ilegal de arma de fogo.
Já
policiais civis lotados em uma delegacia ainda na RMF, que não será
identificada por questões de segurança, denunciaram também sofrer constantes
ameaças de bandidos.
A SSPDS
informou à época que "em caso de ameaças contra policiais, essas
ocorrências são registradas e são realizadas investigações, além de serem
adotadas medidas em favor do agente de segurança". Quanto aos policiais
civis ameaçados por criminosos, a Pasta garantiu que "já está sendo
desenvolvido um trabalho junto à Coin a fim de investigar o fato".
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