Depois de afetar fortemente a
indústria cearense, a tendência de perdas de empregos formais deve chegar ao
comércio e aos serviços do Estado, segundo avalia o coordenador de Estudos e
Análise de Mercado do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Erle
Mesquita. "Este ano tende a ser diferente dos anos anteriores, com
perspectiva de retração no emprego", avalia Mesquita.
De
janeiro a setembro, o Ceará acumulou uma redução de 14.346 postos de trabalho,
segundo a série ajustada do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Apenas no sétimo mês deste
ano, foram eliminados 1.508 postos formais no Estado. Dentro da região
Nordeste, apenas o estado da Bahia, que fechou 4.360 empregos celetistas, teve
resultado pior do que o registrado no Ceará em setembro. O desempenho cearense
para o mês foi o pior desde 2003.
Motivos
Dentre
os principais fatores para a expectativa de queda do emprego em 2015, estão a
inflação elevada, a maior incerteza quanto ao cenário econômico, o maior
endividamento das famílias e a redução do gasto público.
"Todos
esses fatores contribuíram para que a gente saísse de um ciclo virtuoso de
geração de emprego e aumento de salários e acabou afetando a economia",
diz Mesquita, indicando que, "de maneira geral, a gente deve ter retração
de emprego em todos os setores".
Melhor saldo em 2014
Diferente
de 2014, quando o Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará registrou crescimento de
4,36% e o número de empregos com carteira assinada aumentou 3,78%, a
expectativa para este ano realmente é de retração tanto da economia como na
quantidade postos de trabalho formal no Estado.
De
acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), o Ceará fechou o ano
de 2014 com um estoque de empregos formais de 1,552 milhão, o que representou
um incremento de 56,5 mil novos empregos, em relação a 2013. No período, os
três setores que mais empregaram no Estado foram: serviços (31,6%),
administração pública (25,2%) e comércio (17,7%), que ultrapassou a indústria
de transformação (17,0%).
Dentre
os estados da região Nordeste, o Ceará apresentou a maior taxa de crescimento
em 2014, e foi o que registrou o segundo maior saldo de empregos, em números
absolutos, atrás apenas da Bahia (57,7 mil). No Brasil, o Estado ocupou a
quarta posição no ranking nacional, em números absolutos de empregos gerados em
2014, atrás dos estados de São Paulo (87,1 mil), Santa Catarina (63,0 mil) e
Bahia.
Região Metropolitana
No ano
passado, a oferta de emprego no Estado se concentrou, sobretudo, na Região
Metropolitana de Fortaleza (RMF), que foi responsável por 56,86% do total de
empregos gerados, apesar de contar com cerca de 45% da força de trabalho
estadual, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD),
realizada pelo IBGE.
Além
disso, a RMF concentrou 54% do estoque total de empregos formais no Ceará, o
que representa 838.280 postos de trabalho de um universo de 1,6 milhão.
No ano,
o estoque de emprego formal da Região Metropolitana cresceu, 3,99%, resultado
ligeiramente superior ao crescimento estadual (3,78%), o que agravou ainda mais
esse cenário. Segundo dados colhidos do estudo "O Emprego Formal no Ceará:
Principais Resultados de 2014", elaborado pelo IDT e divulgado no começo
de novembro deste ano, de cada dez empregos gerados no Ceará no ano passado,
quase seis se localizaram na RMF.
O
estudo conclui que as variações anuais de estoque de emprego formal respondem
de acordo com as variações do PIB estadual. De 2003 a 2014, enquanto a média
anual de crescimento do estoque de emprego foi de 5,8%, o crescimento médio
anual do PIB foi de 4,4%, de modo que, em média, a cada ponto percentual de
expansão do PIB cearense, houve uma ampliação de 1,3 ponto percentual no nível de
emprego formal.
Perfis
Na
análise por sexo, dos 56,5 mil empregos gerados no Estado, 30,8 mil (54,45%)
foi destinada aos homens, enquanto as mulheres ficaram com os 25,7 mil
restantes (45,55%). Assim, o estoque de emprego formal masculino foi de 870.979
empregos e o feminino, 681.468, em 2014.
No
entanto, o estoque feminino (3,93%) cresceu um pouco mais do que o masculino
(3,66%). As mulheres, com remuneração média de R$ 1.677,19, recebem o
equivalente a 90% dos salários dos homens (R$ 1.858,27).
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