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terça-feira, 3 de novembro de 2015

Paralisação dos petroleiros no CE atinge Lubnor e plataforma

Preocupados com a redução de investimentos da Petrobras em áreas como abastecimento e energia, medida que foi sinalizada com a revisão do plano de negócios da estatal para os anos de 2015 a 2019, estão em greve por tempo indeterminado desde domingo (1º). No País são cerca de 79 mil trabalhadores da estatal, dos quais cerca de 500 estão no Ceará.

Na Lubnor, maior base do Estado, localizada no bairro Mucuripe, em Fortaleza, houve corte de rendição ontem às 7h e às 15h, de acordo com informações da assessoria de imprensa do Sindicato dos Petroleiros do Ceará e do Piauí (Sindipetro CE/PI). O sindicato afirma que existem trabalhadores que estão há mais de 24 horas seguidas em serviço na Lubnor e adianta que acionará a Justiça do Trabalho para retirar da empresa aqueles que ultrapassarem as horas máximas permitidas em lei.
Em Paracuru, segundo a assessoria sindical, apenas 32% da produção de óleo e 37% da de gás natural estão em operação, e 13 poços tiveram sua atividade paralisada. Na Usina de Biodiesel de Quixadá, o setor jurídico do sindicato está fazendo a denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre o excesso de jornada de três operadores trabalhando initerruptamente e sobre o efetivo mínimo de brigada, que está sendo descumprido. "A greve tem a tendência de aumentar com a adesão do regime administrativo a partir desta terça-feira (3)", diz o Sindipetro.
Ativas à venda
Em visita ao Estado na última semana, onde esteve na Lubnor e no Edifício Manhattan para falar com os petroleiros cearenses, o representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobras, Deyvid Bacelar, disse que a venda de importantes ativos da estatal é o que mais impulsiona o movimento de greve. Bacelar classifica o plano de "desinvestimento" da Petrobras como "nada mais que um grande plano de venda de ativos da empresa", o que preocupa bastante os trabalhadores.
"O Conselho de Administração autorizou a venda de US$ 57,7 bilhões em ativos até 2018. Queremos negociar uma redução disso, pois não admitimos que ativos estratégicos, como da BR Distribuidora e da Gaspetro, sejam simplesmente jogados ao mercado desta maneira", ratifica. O representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobras afirmou que a venda de ativos estratégicos da estatal pode comprometer o fato da mesma ser uma grande empresa integrada em todo o País. "Essa foi a vantagem que tivemos neste primeiro semestre, onde a Petrobras registrou um grande lucro líquido", disse.
Bacelar criticou ainda o fato da estatal estar focando seus investimentos apenas na área de exploração e produção de petróleo, especificamente no pré-sal, esquecendo das demais atividade da empresa, como abastecimento gás e energia. "No Nordeste, nenhum dos ativos está ligado ao pré-sal. A região certamente será prejudicada", destaca.
Risco de demissões
Os petroleiros também estão preocupados com o risco de demissões dentro da estatal, afirma Bacelar. Isso porque, na década de 1990, algumas subsidiarias (exemplos de Petromisa, Nitroflex e Petroquisa) acabaram entregues ao mercado e geraram uma série de dispensas. O temor é que o mesmo aconteça agora. "Quando se privatiza, o objetivo se torna unicamente atingir o lucro, deixando de lado o papel social que a Petrobras possui", opina.
Se isso acontecer, diz, a repercussão será na economia do País como um todo, posto que a Petrobras representava, até 2014, 13% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. "A questão não é só a situação dos petroleiros, mas de toda a sociedade brasileira. A Petrobras é um patrimônio do País que precisa ser conservado", desta Bacelar.
Reconhecendo o momento conturbado da Petrobras, que tem sofrido com o aumento de suas dívidas, a própria situação macroeconômica do País e um grande desgaste em sua imagem, causado pela Operação Lava-Jato, Deyvid Bacelar sugeriu algumas alternativas para a estatal contornar o momento de dificuldades. Conforme diz, uma opção é buscar recursos através do banco do Brics, que já conta com US$ 100 bilhões disponíveis para financiamento dos países que o formaram, dentre os quais está o Brasil. "Também é possível negociar com países parceiros que necessitam de petróleo, como a China, que pode injetar bilhões aqui em troca de um pagamento em longuíssimo prazo. Até o BNDES é opção" Outra alternativa mais ousada, conta Bacelar, seria fechar o capital da Petrobras, algo que ele considera difícil no momento, dada a situação instável da política brasileira.
"Hoje a empresa tem o capital aberto, sofrendo todas as consequências das leis, regras e nuances do mercado de capitais. Se fechássemos, estaríamos menos sujeitos a esses movimentos, inclusive especulativos. Nãos seria absurdo, posto que a indústria mundial tem feito isso. Hoje, 75% da produção de petróleo do planeta é controlada por estatais", finaliza Deyvid Bacelar.
Nota da Petrobras
Em nota, a Petrobras informa que está avaliando os impactos das mobilizações dos sindicatos. As equipes de contingência da empresa foram acionadas e estão operando em algumas unidades. Em alguns locais, estão ocorrendo bloqueios de acessos, cortes de rendição de turno e ocupação. "A companhia está tomando todas as medidas necessárias para manter a produção e o abastecimento do mercado, garantindo a segurança dos trabalhadores e das instalações", diz a nota.

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