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terça-feira, 10 de novembro de 2015

Greve de caminhoneiros pode afetar economia

Fortaleza/São Paulo. Peça fundamental para a logística de diversas atividades produtivas, o transporte rodoviário de cargas teve um dia tumultuado ontem, quando caminhoneiros iniciaram, em ao menos 14 estados brasileiros, uma série de protestos e interdições de rodovias em vários pontos do País. A paralisação da categoria foi mais forte nas regiões Sul e Sudeste, mas também atingiu o Nordeste ao longo desta segunda-feira, inclusive o Ceará, que pode sofrer sérios impactos em sua economia caso a situação se alastre pelos próximos dias.

De acordo com o presidente da Câmara Temática de Logística (CTLogística), Marcelo Quinderé, o fato do Ceará ficar localizado "na ponta do País" deixa a situação ainda mais preocupante. "A localização do Estado é um grande problema nesse sentido, pois estamos na ponta, no limite. Se a greve se alastrar e os caminhões vindos do Sudeste não conseguirem entregar as mercadorias e voltarem com produtos nossos, não teremos como escoar a produção. Isso afetará praticamente todos os setores, como comércio, indústria, agricultura e fruticultura", comenta.
Quinderé ressalta ainda que, caso a situação ganhe proporções maiores e se alastre por vários dias, o Estado corre o risco de ver algumas mercadorias faltarem em suas prateleiras. "Imagine, por exemplo, se começa a faltar itens nos supermercados? Seria um caos. Isso já aconteceu na Venezuela. O governo federal precisa saber negociar", diz.
O presidente da CTLogística também destacou a dependência que não só o Ceará, mas todo o País possui do transporte rodoviário. Segundo ele, situações assim servem para o governo estudar, de fato, outras alternativas para a logística brasileira. "Há uma concentração muito grande de cargas nas estradas e isso não é um problema quando há paralisação. Precisamos da cabotagem, das ferrovias", defende.
Trechos impactados
Conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), às 14h50 de ontem um trecho do quilômetro (km) 318 da BR 222, localizado no município de Tianguá, foi interditado por caminhoneiros, que montaram uma barreira de pneus e impediram que caminhões passassem ao longo do dia. Só veículos leves, de prestação de serviços de utilidade pública e de emergência (ambulâncias e viaturas policiais) trafegaram normalmente pelo local. Em Russas também foi registrado aglomeração de caminhoneiros na BR 116, mas sem interdição da via. Além do Ceará, outros estados nordestinos registraram interdições ontem. No Rio Grande do Norte, por exemplo, aproximadamente 100 caminhoneiros bloquearam a BR 304, na altura do km 51, próximo a Mossoró, onde os manifestantes impediram o trânsito de caminhões e liberaram apenas a circulação de carros e ônibus. Na Bahia, desde 6h20 protestos aconteceram na BR 407, próximo a Capim Grosso, onde pneus foram queimados e somente ônibus e veículos de emergência conseguiram passar.
A PRF também registrou interdição de caminhoneiros em Pernambuco, mais precisamente em um trecho da ponte Presidente Dutra, na BR 407, que liga as cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). A manifestação começou às 12h, disse a Polícia.
Situação nacional
Logo pela manhã, caminhoneiros realizavam protestos em 48 pontos de rodovias federais do Brasil, interrompendo pelo menos parcialmente o tráfego de cargas. A mobilização foi organizada por meio de redes sociais, em protesto contra a presidente Dilma Rousseff, e já preocupa bastante alguns setores exportadores, posto que as manifestações se concentraram em estados importantes para a produção agrícola do País: Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Santa Catarina.
O Rio Grande do Sul, por exemplo, concentrou 14 pontos de protesto, com bloqueio de tráfego em um deles. No Paraná, segundo maior produtor de soja, que está na fase final de plantio, havia uma interdição em oito pontos. "Em todos esses oito locais, os veículos de passeio, ônibus e ambulâncias têm passagem liberada. Apenas veículos de carga são impedidos de transitar pelos manifestantes", afirmou ontem a PRF do Paraná.
Não houve protestos no Mato Grosso, principal Estado produtor de grãos, que está transportando grandes volumes de milho e recebendo insumos para o plantio da nova safra de soja.

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