Cidade do Vaticano. O papa Francisco condenou ontem
o recente vazamento de documentos confidenciais do Vaticano, mas disse que isso
não iria fazer com que deixe de levar adiante as reformas na Santa Sé.Os
dados revelam o esbanjamento de alguns cardeais, em dois livros - as
informações causaram a detenção do sacerdote espanhol Lucio Ángel Vallejo Balda
e da relações públicas italiana Francesca Chaouqui.
Falando
a dezenas de milhares de pessoas na praça de São Pedro, o papa pediu aos fiéis
que não se perturbassem pelos vazamentos. "Também quero dizer a vocês que
este fato triste certamente não vai me distrair do trabalho de reforma que está
avançando com a ajuda dos meus assessores e com o apoio de todos vocês",
disse.
Francisco
chamou o vazamento de "deplorável". "Quero dizer, antes de mais
nada, que roubar esses documentos foi um delito. É um erro. É um ato deplorável
e que não ajuda", disse durante a mensagem dominical.
Nas
primeiras palavras do papa sobre o escândalo, ele indicou que havia pedido os
estudos (sobre as finanças do Vaticano) e que tanto ele como seus colaboradores
já conheciam bem os documentos. Ele assegurou que medidas já foram tomadas e
estão dando frutos.
O caso
chamado Vatileaks 2 - em referência ao anterior, que condenou o mordomo de
Bento XVI, Paolo Gabriele, por roubo e divulgação de documentos -, veio à tona
na última segunda-feira (2), quando se comunicou a detenção de Vallejo Balda e
de Francesca Chaouqui.
Ambos
foram detidos há cerca de uma semana, dentro da investigação aberta para
comprovar que documentos confidenciais da Santa Sé tinham vazado. O sacerdote
espanhol foi secretário da Comissão Investigadora dos Organismos Econômicos e
Administrativos da Santa Sé (Cosea), criada pelo papa para investigar as
finanças, e vários documentos produzidos por este setor aparecem publicados em
dois livros, que chegaram na última quinta-feira (3) às livrarias na Itália.
O
comunicado publicado pelo Vaticano sobre o assunto afirmou que as investigações
continuam e que a divulgação de notícias e documentos confidenciais é crime
contemplado na legislação do Estado do Vaticano, com pena de até oito anos de
prisão.
Vallejo
Balda está detido preventivamente no edifício da Gendarmaria do Vaticano. Já
Francesca Chaouqui, que foi membro da Cosea, foi colocada em liberdade. Os dois
esperam o fim das investigações preliminares.
Livros
Os
dados dos documentos surgiram publicados nos livros "Via Crucis", de
Gianluigi Nuzzi, e "Avarizia", de Emiliano Fittipaldi. Na obra, Nuzzi
denuncia ambições, irregularidades e a vida rica de cardeais, em contraste com
a escolha de simplicidade de Francisco, e desvios de dinheiro da caridade.
Em
entrevista, Nuzzi disse que Francisco ficou muito assustado com os desvios, e
que a resistência que ele sofre dentro do Vaticano é muito maior do que o autor
imaginava.
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