Entre 2011 e 2014, as
desigualdades entre pessoas negras e pardas comparada a pessoas brancas e amarelas
praticamente desapareceram no mercado de trabalho da Região Metropolitana de
Fortaleza (RMF). Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada
ontem, o crescimento da economia cearense no período foi o motivo para a
redução das desigualdades entre raças nos empregos com carteira assinada.
Para
este ano, porém, a expectativa é de que tanto as diferenças salariais como os
níveis de ocupação voltem a aumentar.
"Da
mesma forma que a conjuntura econômica positiva influencia favoravelmente o mercado
de trabalho, quando há retração da economia, isso tem efeitos negativos no
mercado de trabalho e na redução das desigualdades", disse Mardônio Costa,
analista de mercado de trabalho do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho
(IDT), após a apresentação do estudo.
Costa informa que em 2014 houve
uma melhora substancial na integração do negro no mercado de trabalho da RMF,
tanto quantitativa quanto qualitativa. Ele avalia, ainda, que o resultado é
consequência da melhora no mercado de trabalho como um todo, e não de um setor
produtivo específico.
Segundo
o coordenador de estudos e análise de mercado do IDT, Erle Mesquita, as
estatísticas mostram que, em períodos de piora econômica, os segmentos que mais
enfrentam dificuldades para ingressar ou permanecer no mercado de trabalho
formal são a população negra, as mulheres e os jovens.
"(O
cenário para 2015) é preocupante porque esses são os setores que foram
beneficiados recentemente pela trajetória de expansão da economia", afirma
o coordenador.
Rendimentos
Acompanhando
o cenário favorável na oferta de emprego, de 2011 a 2014, o ganho real dos
trabalhadores da RMF foi de 6,4%, sendo que os negros e pardos, com 9,9%,
apresentaram ganhos reais mais elevados do que o registrado entre brancos e
amarelos (6,5%) no período.
Ainda
assim, o rendimento médio entre negros e pardos ocupados (R$ 1.217) é menor do
que entre brancos e amarelos (R$ 1.569). "O crescimento da economia do
Ceará em 2014 propiciou a geração de postos de trabalho e esse mercado mais
dinâmico favoreceu os ganhos reais de salário, minimizando a diferença entre
negros e não negros", afirma.
Desemprego
Em
2014, a taxa de desemprego da força de trabalho de negros e pardos (7,6%)
diminuiu tanto em relação a 2013 (7,9%) como a 2011 (9,0%). Assim, a redução do
desemprego da força de trabalho de negros e pardos (1,4 p.P.) foi maior do que
a entre brancos e amarelo (1,0 p.P.), de 2011 a 2014, fazendo com que os
patamares de desemprego ficassem praticamente iguais. Em 2014, negros e pardos
representam 83% da População Economicamente Ativa (PEA), enquanto brancos e
amarelos representam 17%. Da PEA com ocupação, 82,9% são de negros e pardos e
17,1% brancos e amarelos.
Costa
afirma que o turismo tem minimizado o aumento da taxa de desemprego na RMF.
"O desemprego cresceu de uma forma muito rápida no País nos últimos meses,
enquanto na Região Metropolitana de Fortaleza, a taxa ficou estabilizada na
casa dos 8% e somente nos últimos dois meses começou a avançar".
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