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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Desgaste de partidos gera incertezas

Pesquisa do Datafolha mostrou que 71% dos eleitores de São Paulo estão desinteressados em partidos políticos. A descrença da população com os institutos partidários não é novidade, mas atingiu recorde. Para cientistas políticos, as próximas eleições ainda devem reproduzir a lógica personalista na escolha do voto, mas alertam para dificuldades dos candidatos do PT em 2016 ao carregarem a pecha dos últimos escândalos de corrupção.

O prefeito de São Paulo, o petista Fernando Haddad, enfrenta dificuldades para a reeleição. Aliados do gestor afirmam que ele já teria ventilado a possibilidade trocar o PT pela Rede Sustentabilidade para ampliar as chances de vitória nas eleições de 2016 diante do desgaste do partido entre os paulistanos.
O cientista político Marcos Antônio Carvalho, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), pondera que a má avaliação do Governo Haddad não pode ser atribuída apenas ao partido ao qual é filiado. "Em São Paulo tem uma cultura antipetista arraigada e com a crise isso acentuou, não podemos imaginar que o problema é só por ser do PT. O problema é também resultado de gestão".
O docente aponta que, a despeito do desgate do PT, os pleitos continuam sofrendo mais influência de características individuais do candidato e com a interferências de grandes lideranças do que do histórico dos partidos. "A eleição para o Executivo depende muito mais do candidato, do prestígio, o partido não faz grande diferença, se fizesse não teria eleito o Camilo (Santana). Se ele dependesse do PT, não seria eleito", exemplifica.
Marcos Antônio Carvalho salienta que, na atual crise política, "pertencer ao PT já carrega esse peso" de uma legenda desgastada. Para ampliar as chances de resultados positivos nas urnas, o professor diz ser necessária autocrítica da agremiação em relação aos erros cometidos.
"O grande desafio é mostrar um novo PT. Começaria primeiro reconhecendo que, de certa forma, o partido errou na condução do País e tem parte de responsabilidade na crise que o país enfrenta", avalia. "Não se faz isso homenageando quem está preso ou sendo investigado".
Rejeição
O cientista político Clésio Arruda aposta que o personalismo deve predominar nas próximas disputas, mas ressalta que a situação do PT é diferente de outros partidos. Ele explica que a legenda possui uma identidade muito marcante e deve experimentar rejeição e adesão extremas pelo seu histórico, ao contrário das outras agremiações.
"Na sociedade brasileira como um todo, nas relações sociais, não tem como o personalismo não aparecer na política. Há um partido político que tem identidade muito forte, que não tem como desvincular o candidato da legenda, que é o Partido dos Trabalhadores", expõe.
Clésio detalha que a identidade marcante do PT não resulta só dos escândalos recentes de corrução, mas de um trabalho de base feito nas décadas anteriores por líderes petistas para buscar o crescimento do grêmio.
"Líderes do partido brigaram pelo fortalecimento do partido e a oposição quer vincular todos os seus membros à corrupção (...) Essa leitura não dá para fazer com outros partidos, em que a legenda fica sempre no plano secundário, quem aparece é a pessoa", compara.
O cientista político Horácio Frota relata a descrença generalizada da juventude nos partidos e nas eleições parlamentares é um fenômeno internacional. "Não é despolitização dos jovens, tem uma redução na credibilidade das instituições tradicionais. O movimento sindical já não contempla como no século passado os anseios dos grandes seios sociais. A juventude se nega a envolver em instituições partidárias, mas participa de outros movimentos", reforça.

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