As recentes medidas adotadas
pelo governo cubano para atrair capital externo abrem oportunidades de
investimentos em diversas áreas, sobretudo no setor de alimentos. Na manhã de
ontem, a embaixadora de Cuba no Brasil, Marielena Ruiz Capote, participou do
seminário "Oportunidades de Negócios e Investimentos em Cuba",
realizado na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), no qual apresentou
aspectos da Lei de Investimento Estrangeiro de Cuba e os benefícios concedidos
para as empresas que se instalarem na Zona de Desenvolvimento Especial (ZDE) do
Porto de Mariel.
"O
investimento estrangeiro é preciso para desenvolver determinadas áreas da
economia cubana", disse a embaixadora, que vem participando de eventos
semelhantes em outras federações industriais no País. "Mas eu insisto que
o importante é estabelecer parcerias de sucesso, em que ambas as partes
tenhamos proveito para os nossos países", disse.
Aprovada em 2014, a Lei do
Investimento Estrangeiro de Cuba oferece incentivos financeiros e fiscais para
atrair capital externo em atividades de interesse para Cuba. A lei também dá
garantias jurídicas para o investidor. Para o presidente da Fiec, Beto Studart,
o empresário cearense pode buscar oportunidades nas áreas de alimentação humana
e animal, além do setor calçadista, que hoje representa 84% das exportações
cearenses para Cuba, de acordo com dados da Fiec.
Em
2014, o Ceará exportou US$ 2,5 milhões para o país, sendo US$ 2,2 milhões
apenas pelo setor de calçados. Os valores, no entanto, ainda são pouco
relevantes. Cuba é responsável por apenas 0,17% do volume das exportações
cearenses. E, mesmo para o setor calçadista local, o valor representa apenas
0,69% das exportações do Estado.
Legislação
Antes
de anunciar qualquer iniciativa, o presidente da Fiec disse que é preciso
analisar a nova legislação cubana para os investimentos. "Nós temos que
entender todo o marco legal. A obediência às leis que eles estão determinando.
Se vão efetivamente seguir aquilo que está sendo explicado para nós.
Acreditamos que sim. Isso tudo é um momento de convergência para a gente
iniciar as conversas e despertar no cearense o desejo de ali investir".
Oportunidades
No
setor de alimentos, o presidente do Conselho de Relações Internacionais da
Fiec, Marcos Oliveira, vê oportunidades nos segmentos de criação de frango e
camarão. "Eles estão trabalhando fortemente na pesquisa e desenvolvimento
para soja e milho, o que pode gerar uma infraestrutura de abate de frango. É
uma oportunidade muito grande para o Ceará", disse. Além disso, Oliveira
acredita que surgirão oportunidades relacionadas à cadeia do Turismo, setor que
também vem sendo estimulado pelo governo cubano.
Para a
secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado, Nicolle Barbosa, a
proximidade de Cuba com o Porto do Pecém pode fazer com que o Ceará atue como
ponto de escoamento das exportações brasileiras para o país caribenho.
"Acredito que a posição estratégica do Ceará vai nos colocar em vantagem
perante os outros estados brasileiros. (...) A intenção é que a gente aumente
as exportações cearenses com essa abertura de Cuba para o capital. É um novo
mercado que vai se abrir ao mundo".
O
investimento brasileiro na ZDE do Porto de Mariel pode representar também a
chance de atingir outros mercados. "Algumas empresas da área industrial
que possam investir em Cuba, ficarão muito mais próximas do mercado
americano", disse o consultor internacional Alcântara Macêdo.
"A
economia cubana está passando por uma metamorfose econômica muito forte. E
algumas potencialidades poderão ser exploradas a partir do Brasil, e a partir
do Ceará", disse. "Há 20 anos, eu exportei para Cuba. Foi através de
uma empresa do Panamá, mas foi muito frutífero", completou.
Produtos
Além do
setor de calçados, o restante das exportações cearenses para Cuba em 2014 foi
referente a obras de ferro fundido, ferro ou aço, com US$ 334 mil. Em 2015, até
agosto, o Ceará exportou US$ 1,02 milhão. Por outro lado, não houve registro de
importações de Cuba para o Estado no período.
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