O País perdeu 1,237 milhões de
postos de trabalho com carteira assinada no setor privado no terceiro trimestre
do ano, em relação ao mesmo período do ano anterior. A queda foi de 3,4%, de
acordo com dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua)
divulgados na manhã desta terça-feira, 24, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística(IBGE).
Em
relação ao segundo trimestre, o recuo nas vagas formais foi de 1,4%, 494 mil
postos com carteira a menos. "As pessoas estão perdendo carteira de
trabalho e se inserindo no mercado por conta própria, ou até abrindo um pequeno
negócio", apontou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do
IBGE.
O total
de trabalhadores por conta própria aumentou 3,5% ante o terceiro trimestre de
2014, 760 mil pessoas a mais nessa condição, enquanto os empregadores cresceram
7,9%, aumento de 297 mil. "Isso pode ser pequenos negócios abertos, com
duas ou três pessoas empregadas", observou Azeredo.
O
emprego sem carteira no setor privado diminuiu 0,8% no terceiro trimestre em
relação ao mesmo período do ano passado, 81 mil pessoas a menos no período de
um ano.
Dois dígitos
A taxa
de desemprego medida pela Pnad Contínua deve atingir dois dígitos em 2016,
avaliou nesta terça o economista sênior da Haitong, Flávio Serrano.
"Os
dados da Pnad confirmam a deterioração do mercado de trabalho, que é reflexo da
desaceleração intensa da economia. E é bem provável que esse processo de
correção se intensifique até pelo menos meados do ano que vem, já que ainda não
vemos sinais de acomodação da atividade", afirmou. "No entanto, como
os efeitos do mercado de trabalho são defasados, não podemos imaginar até
quando vai haver essa piora".
O IBGE
informou que o desemprego medido pela Pnad Contínua atingiu 8,9% no terceiro
trimestre de 2015. Em igual período do ano passado, a taxa de desemprego era de
6,8%. Serrano, por sua vez, trabalhava com uma taxa de 8,8% nos três meses
encerrados em setembro.
"Esperávamos
essa piora no mercado de trabalho por causa do ajuste econômico. Isso é ruim em
termos de conjuntura, mas deve ter reflexos positivos em um novo ciclo de
crescimento econômico guiado pelo investimento", disse.
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