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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Açudes têm menor nível da história

Iguatu O nível médio dos 153 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) chegou a 13,9% às 11 horas desta quita-feira, o mais baixo desde quando começou o monitoramento dos reservatórios pelo órgão, há 21 anos. O reduzido volume acumulado é resultado de quatro anos seguidos de chuvas abaixo da média. Desde 2012 que ocorre déficit hídrico, ou seja, sai maior quantidade de água do que chega aos açudes.


 A tendência é de queda continuada das reservas hídricas no Ceará pelo menos nos próximos três meses.
O atual ciclo de estiagem que começou em 2012 é o mais longo desde 1973, segundo estudos da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). No fim da quadra chuvosa passada (fevereiro a maio), os açudes acumulavam 21%. É provável que, em fevereiro de 2016, o volume médio acumulado seja inferior a 10%. A previsão de ocorrência de mais um ano de chuvas abaixo da média, sem boa recarga nos reservatórios, traz preocupação para o governo, empresários e a população.
Mediante esse quadro de dificuldades, o governo do Ceará anunciou que vai pedir reforço ao governo federal para liberação de mais recursos financeiros para que o Estado possa avançar nas obras do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), que tem por objetivo implantar uma rede de canais e dutos para distribuição da água oriunda da Transposição do Rio São Francisco entre as bacias hidráulicas do Estado.
Além dos R$ 10 milhões repassados mensalmente, o governador Camilo Santana vai reivindicar, para 2016, mais verba ao Ministério da Integração Nacional. O esforço é para assegurar o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza, que depende das águas do Açude Castanhão, o maior do Ceará, mas que só acumula 12,9%.
O secretário de Recursos Hídricos Francisco Teixeira já anunciou que, em abril de 2016, caso não ocorra recarga no Castanhão, haverá uma operação de transferência de água do Açude Orós para aquele reservatório, no Médio Jaguaribe. Remanejamento de água semelhante ocorreu em 1993, quando o Orós foi totalmente esvaziado para salvar a população e empresas da Grande Fortaleza, por meio do Canal do Trabalhador. Atualmente, o Orós está com 35,9% de sua capacidade.
Teixeira anunciou que, apesar das dificuldades financeiras, a meta para 2016 é concluir 40 km do CAC. O governo elaborou projetos para mais 73 km de adutoras emergências, conhecidas por engate rápido para atender demandas nos municípios de Itaitinga e Quixeramobim, no Sertão Central; Cedro, na região Centro-Sul; Arneiroz e Parambu, nos Inhamuns; e Independência, nos Sertões de Crateús. Essas obras devem estar concluídas até fim de 2016.
A Funceme observa que, desde 2012, há registro de chuvas abaixo da média histórica e seguidas perdas no volume dos açudes. A escassez de água resulta em um quadro de preocupação atual. E o pior: esse cenário tende a se agravar em 2016, pois as previsões iniciais indicam continuidade do ciclo de seca por causa da formação do El Niño, fenômeno meteorológico que se caracteriza por aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, provocando intensas chuvas no Sul do País e seca no Nordeste. O El Niño está muito intenso, mais forte do que em 1993.
Em 10 de junho passado, o volume médio dos reservatórios era de 20%. Cinco meses depois, ocorreu uma queda de 6,10%. "Estamos monitorando a cada semana o nível dos açudes, adotando as ações emergenciais segundo a necessidade de cada município e definindo as intervenções necessárias por meio do comitê de acompanhamento da seca", observou Teixeira. "Está havendo investimento em perfuração de poços profundos. Esse programa foi ampliado".
O Açude Trussu, em Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará, acumula 23% segundo nova verificação por batimetria, realizada pela Cogerh. Entretanto, no site da própria Companhia permanece o índice de 32,8%. "Há uma diferença significante", observa o técnico da secretaria de Agricultura do município de Iguatu, Paulo Maciel.
"A gente fica em dúvida, sem confiança". Na manhã desta quarta-feira, a Comissão Gestora do Açude Trussu voltou a se reunir e decidiu agora ampliar a liberação de água por meio da válvula dispersora de 200 litros por segundos para 400 litros por segundo com o objetivo de atender pequenos e grandes produtores rurais.
A reunião foi marcada por tensão entre aqueles que queriam a permanência dos 200 litros por segundos, definidos há 15 dias, e os que defendiam o aumento na quantidade de água liberada.
Demanda
Durante quatro dias, serão liberados 500 litros para permitir chegada de água às áreas mais distantes do vale do Trussu, depois ocorre redução para 400 litros por segundo, conforme explicou o encarregado local do Dnocs, Cléber Cavalcante. Segundo estudos da Cogerh, mesmo que não ocorra recarga no Trussu, em 2016, há água suficiente para atender a demanda de consumo em Iguatu, Acopiara e Quixelô até 2017. A partir de janeiro de 2016, a liberação de água deve ser reduzida para 200 litros por segundo.
No momento, no Ceará, 40 açudes estão com volume morto e 27 são considerados secos. Não há nenhum açude transbordando. A Bacia Hidrográfica em situação mais crítica é a do Baixo Jaguaribe com volume médio de apenas 0,87%, seguida dos Sertões de Crateús com 1,42% e Bacia do Curu que está com 3,17%. A Bacia do Banabuiú que abrange o Sertão Central acumula somente 3,55%.
Mais informações:
Funceme
Av. Rui Barbosa, 1246, Aldeota, Fortaleza (CE)
Fone: (85) 3101. 1117
Cogerh
Rua Adualdo Batista, 1550, Parque Iracema, Fortaleza (CE)

Fone: (85) 3218. 7024

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