Iguatu O nível médio dos 153 açudes
monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) chegou a
13,9% às 11 horas desta quita-feira, o mais baixo desde quando começou o
monitoramento dos reservatórios pelo órgão, há 21 anos. O reduzido volume acumulado
é resultado de quatro anos seguidos de chuvas abaixo da média. Desde 2012 que
ocorre déficit hídrico, ou seja, sai maior quantidade de água do que chega aos
açudes.
A tendência é de queda continuada das reservas hídricas no Ceará pelo
menos nos próximos três meses.
O atual
ciclo de estiagem que começou em 2012 é o mais longo desde 1973, segundo
estudos da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). No
fim da quadra chuvosa passada (fevereiro a maio), os açudes acumulavam 21%. É provável
que, em fevereiro de 2016, o volume médio acumulado seja inferior a 10%. A
previsão de ocorrência de mais um ano de chuvas abaixo da média, sem boa
recarga nos reservatórios, traz preocupação para o governo, empresários e a
população.
Mediante
esse quadro de dificuldades, o governo do Ceará anunciou que vai pedir reforço
ao governo federal para liberação de mais recursos financeiros para que o
Estado possa avançar nas obras do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), que tem
por objetivo implantar uma rede de canais e dutos para distribuição da água
oriunda da Transposição do Rio São Francisco entre as bacias hidráulicas do
Estado.
Além
dos R$ 10 milhões repassados mensalmente, o governador Camilo Santana vai
reivindicar, para 2016, mais verba ao Ministério da Integração Nacional. O
esforço é para assegurar o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza,
que depende das águas do Açude Castanhão, o maior do Ceará, mas que só acumula
12,9%.
O
secretário de Recursos Hídricos Francisco Teixeira já anunciou que, em abril de
2016, caso não ocorra recarga no Castanhão, haverá uma operação de
transferência de água do Açude Orós para aquele reservatório, no Médio
Jaguaribe. Remanejamento de água semelhante ocorreu em 1993, quando o Orós foi
totalmente esvaziado para salvar a população e empresas da Grande Fortaleza,
por meio do Canal do Trabalhador. Atualmente, o Orós está com 35,9% de sua
capacidade.
Teixeira
anunciou que, apesar das dificuldades financeiras, a meta para 2016 é concluir
40 km do CAC. O governo elaborou projetos para mais 73 km de adutoras
emergências, conhecidas por engate rápido para atender demandas nos municípios
de Itaitinga e Quixeramobim, no Sertão Central; Cedro, na região Centro-Sul;
Arneiroz e Parambu, nos Inhamuns; e Independência, nos Sertões de Crateús.
Essas obras devem estar concluídas até fim de 2016.
A
Funceme observa que, desde 2012, há registro de chuvas abaixo da média
histórica e seguidas perdas no volume dos açudes. A escassez de água resulta em
um quadro de preocupação atual. E o pior: esse cenário tende a se agravar em
2016, pois as previsões iniciais indicam continuidade do ciclo de seca por
causa da formação do El Niño, fenômeno meteorológico que se caracteriza por
aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, provocando
intensas chuvas no Sul do País e seca no Nordeste. O El Niño está muito
intenso, mais forte do que em 1993.
Em 10
de junho passado, o volume médio dos reservatórios era de 20%. Cinco meses
depois, ocorreu uma queda de 6,10%. "Estamos monitorando a cada semana o
nível dos açudes, adotando as ações emergenciais segundo a necessidade de cada
município e definindo as intervenções necessárias por meio do comitê de
acompanhamento da seca", observou Teixeira. "Está havendo investimento
em perfuração de poços profundos. Esse programa foi ampliado".
O Açude
Trussu, em Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará, acumula 23% segundo nova
verificação por batimetria, realizada pela Cogerh. Entretanto, no site da
própria Companhia permanece o índice de 32,8%. "Há uma diferença
significante", observa o técnico da secretaria de Agricultura do município
de Iguatu, Paulo Maciel.
"A
gente fica em dúvida, sem confiança". Na manhã desta quarta-feira, a
Comissão Gestora do Açude Trussu voltou a se reunir e decidiu agora ampliar a
liberação de água por meio da válvula dispersora de 200 litros por segundos
para 400 litros por segundo com o objetivo de atender pequenos e grandes
produtores rurais.
A
reunião foi marcada por tensão entre aqueles que queriam a permanência dos 200
litros por segundos, definidos há 15 dias, e os que defendiam o aumento na
quantidade de água liberada.
Demanda
Durante
quatro dias, serão liberados 500 litros para permitir chegada de água às áreas
mais distantes do vale do Trussu, depois ocorre redução para 400 litros por
segundo, conforme explicou o encarregado local do Dnocs, Cléber Cavalcante.
Segundo estudos da Cogerh, mesmo que não ocorra recarga no Trussu, em 2016, há
água suficiente para atender a demanda de consumo em Iguatu, Acopiara e Quixelô
até 2017. A partir de janeiro de 2016, a liberação de água deve ser reduzida
para 200 litros por segundo.
No
momento, no Ceará, 40 açudes estão com volume morto e 27 são considerados
secos. Não há nenhum açude transbordando. A Bacia Hidrográfica em situação mais
crítica é a do Baixo Jaguaribe com volume médio de apenas 0,87%, seguida dos
Sertões de Crateús com 1,42% e Bacia do Curu que está com 3,17%. A Bacia do
Banabuiú que abrange o Sertão Central acumula somente 3,55%.
Mais informações:
Funceme
Av. Rui
Barbosa, 1246, Aldeota, Fortaleza (CE)
Fone:
(85) 3101. 1117
Cogerh
Rua
Adualdo Batista, 1550, Parque Iracema, Fortaleza (CE)
Fone:
(85) 3218. 7024
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