Não é de hoje que o fenômeno da
interiorização do consumo tem ganhado força em todo o Brasil, o que não tem
sido diferente em solo cearense. Em 2005, por exemplo, a participação do
Interior no potencial consumista do Estado era de apenas 36,3%, passando para
38,1%, em 2010, e atingindo o patamar de 44,5% neste ano. Em números reais,
isso quer dizer que o potencial de consumo fora da Região Metropolitana de
Fortaleza atingiu o montante de R$ 47,4 bilhões.
As
informações têm como base o estudo IPC Maps e foram divulgadas ontem pela IPC
Marketing Editora. Conforme a análise da empresa, o crescimento nos gastos
entre os cearenses no Interior foi de 16,29% nos últimos cinco anos, posto que
em 2010 o valor foi de R$ 40,8 bilhões. Neste mesmo período, o potencial de
consumo da Região Metropolitana de Fortaleza, apesar de ainda representar mais
da metade do total do Estado, retraiu-se 10,5%, passando de R$ 66,2 bilhões, em
2010, para R$ 59,2 bilhões no corrente ano.
"Nos
últimos anos temos notado, em todo o Brasil, um crescimento maior na economia
do Interior ante às grandes capitais. Isso é reflexo do próprio avanço do poder
aquisitivo da população interiorana, como também do deslocamento de grandes
empresas para estes locais, já que, dessa forma, elas pagam menos taxas, arcam
com menores custos e conseguem mão de obra mais barata", afirma o diretor
da IPC Marketing e responsável pelo estudo, Marcos Pazzini.
Vale salientar que o Ceará em
geral também viu seu poder de consumo cair entre 2010 e 2015, passando de R$
107 bilhões para R$ 106, 7 bilhões, o que pode ser justificado pela
instabilidade econômica que foi se instalando no País desde à crise global de
2008/2009. Mesmo assim, o Interior ganhou força. "Essa descentralização é
um movimento natural, pois é preciso distribuir melhor a economia para evitar o
êxodo rural", comenta Pazzini.
Municípios em destaque
De
acordo com os dados do IPC Maps, o município do Interior cearense que mais
possui poder de consumo atualmente é Juazeiro do Norte, com um potencial de
gastos da ordem de R$ 453,9 milhões. Sobral também desponta como um dos
destaques (R$ 387,1 milhões), seguida por Crato (R$ 212,5 milhões), Itapipoca
(R$ 193,5 milhões) e Russas (R$ 164,1 milhões). Quixeramobim, Barbalha,
Tianguá, Icó e Iguatu também foram mencionados.
Para
Marcos Pazzini, a elevação do poder de consumo nas cidades do Interior pode
atrair ainda mais investimentos para os municípios. "As empresas traçam
suas metas em cima de seus próprios resultados, e não estudando o mercado. E
como elas cobram mais dos mercados das regiões metropolitanas, por terem que
arcar com mais custos, veem no Interior uma oportunidade de manter seus
resultados, cobrando menos. É uma alternativa às equipes de vendas", diz.
Nordeste
Nacionalmente,
a interiorização do consumo alcançou a média de 54% de tudo que será consumido
pelos brasileiros em 2015, ou seja, pouco menos de R$ 2 trilhões em gastos.
Entre as regiões, o Nordeste foi aquela com a terceira maior participação do
Interior no total de gastos, chegando a 54,6%neste ano, ou cerca de R$ 387,1
bilhões (ante os 49,4% registrados em 2010).
Ainda
no Nordeste, o Maranhão lidera o crescimento da interiorização em termos de
consumo nos últimos cinco anos. Trata-se do 14º maior entre os estados, com
fatia de 1,8% ou cerca de R$ 67,6 bilhões do consumo nacional. O estado
nordestino apresenta também variação evolutiva de 63,8% em 2010 para 65,3% em
2015. Na prática, isso representa mais R$ 5,7 bilhões no bolso da população dos
208 municípios maranhenses do Interior, que já consomem o equivalente a R$ 44,2
bilhões.
A
Bahia, por sua vez, já desponta como a 6º maior participação no consumo
nacional, com R$ 201,1 bilhões, revelando a potencialidade de seu Interior com
um crescimento de 57% para 63,2% nos últimos anos.
Impactos regionais
A maior
participação do Interior no potencial de consumo, porém, ocorre na região Sul,
chegando a 66,2%, neste ano, cerca de R$ 437,4 bilhões. No Centro-Oeste, o
Interior será responsável por 61,2% do consumo da região em 2015, o equivalente
a R$142,3 bilhões (contra os 58,3% apurados há cinco anos).
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