Quatro cidades cearenses estão
na lista dos municípios brasileiros com as maiores taxas de incidência de casos
notificados de dengue em 2015. Dados do Ministério da Saúde mostram que, de
janeiro a agosto deste ano, Fortaleza, Alcântaras, Varjota e Jaguaribara
estiveram entre as 20 localidades no País que registraram mais ocorrências
prováveis da doença a cada grupo de 100 mil habitantes.
Os municípios dividem o
ranking com cidades nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Pernambuco,
Alagoas e Rio de Janeiro.
O
boletim da Pasta agrega estatísticas referentes ao período de 4 de janeiro a 29
de agosto. Alcântaras atingiu incidência de 6.801,8 casos notificados por 100
mil habitantes, enquanto Varjota chegou a 3.318,4 e Jaguaribara, a 2.791,2.
Dentre todas as cidades no Brasil com menos de 100 mil pessoas, os três
municípios ocuparam a 2ª, a 3ª e a 4ª posições, respectivamente. Na primeira
colocação, ficou a cidade de Rialma, em Goiás, cuja taxa de incidência
ultrapassou 12 mil notificações por 100 mil habitantes.
Já
Fortaleza chamou atenção em meio às cidades com mais de um milhão de moradores,
alcançando incidência igual a 1.003,4 ocorrências prováveis por 100 mil
pessoas. O índice preocupante fez com que a Capital fosse a segunda cidade com
os maior número na categoria, atrás apenas da cidade de Campinas, em São Paulo,
onde a taxa chegou a 5.416,6.
Óbitos
Os
números refletem a situação crítica da dengue no Estado, que registrou, nesse
período, 99 casos confirmados de dengue grave, 630 de dengue com sinais de
alerta, e 50 óbitos, conforme o Ministério da Saúde. O levantamento da Pasta
ainda divulgou que o Ceará é o terceiro estado no País em número de mortes
causadas pela doença. São Paulo (403 óbitos) e Goiás (67 óbitos) aparecem na
frente.
"As
taxas de incidência estão altas porque o vírus encontrou muitas pessoas
susceptíveis. Todo ano que tem muitos casos tem muitas mortes, e, neste ano,
predominou o sorotipo 1, que é um dos que podem causar mais óbitos",
afirma o infectologista Afonso Bezerra, do Hospital São José de Doenças
Infecciosas.
Nélio
Morais, coordenador da célula de Vigilância Ambiental e Riscos Biológicos da
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (SMS), observou que, em 2015, a
epidemia da doença superou as ocorrências dos dois últimos anos. Ele atribui o
quadro a fatores como condições climáticas, a volta do sorotipo 3 (pouco
incidente no Ceará em 2013 e 2014), e a grande quantidade de criadouros
domésticos do mosquito Aedes aegypti.
Dentre
as estratégias adotadas para tentar impedir o avanço da doença na Capital,
Morais destacou mutirões de eliminação de focos nos bairros mais afetados.
"Agora, temos que pensar no inverno de 2016, identificando falhas e
redirecionando ações", frisou. A reportagem entrou em contato com a
Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), mas não obteve resposta até o fechamento
desta edição.
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