À época da escolha do Brasil
para sediar a Copa do Mundo, se dizia que o País iria virar um canteiro de
obras. De fato, muitos projetos saíram do papel e foram iniciados. O problema é
que uma parte deles, mais de um ano após o término do evento, ainda não avançou
e outra parte segue em ritmo lento.
Enquanto
isso, recursos públicos - que fazem falta nesse momento de crise - são gastos
em obras que, a cada dia se tornam mais caras. Mais de R$ 7 bilhões, oriundos
de recursos federais e estaduais, já foram executados em obras que não chegaram
a servir à população. O valor reúne a execução do orçamento da Transposição do
Rio São Francisco, em R$ 6,9 bilhões; da ampliação do Aeroporto Internacional
Pinto Martins, em R$ 79 milhões; do Centro de Treinamento Técnico do Ceará
(CTTC), em R$ 33 milhões.
O
Acquario Ceará - ainda em construção - já consumiu R$ 83,2 milhões, mas também
aguarda mais recursos de financiamento para caminhar.
A
ampliação do Aeroporto de Fortaleza deveria ter sido terminada a tempo de
receber o contingente extra de turistas que viriam para a cidade acompanhar os
jogos na Arena Castelão. Foi preciso investir R$ 1,79 milhão em uma estrutura
temporária, o "puxadinho", para que se tivesse capacidade de receber
os visitantes do evento. Hoje, as obras da ampliação seguem paradas dependendo
do processo de concessões a ser implementado pelo governo federal.
Outra
obra que ainda depende de intervenções para sua plena utilização é o Terminal
de passageiros do Porto do Mucuripe. A obra em si foi concluída em janeiro
deste ano, mas ficou faltando a dragagem do quarto berço do porto, necessária
para que navios de grande calado possam atracar naquele espaço. Não há sequer
previsão para o início da dragagem, nem de orçamento. Por sua vez, orçados em
R$ 2,6 bilhões, as obras da Linha Leste do Metrô de Fortaleza (Metrofor) e do
Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da Capital não tiveram os valores aplicados
até agora revelados pela Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra), mas
seguem, respectivamente, paralisadas e em ritmo lento.
Desaquecimento
Devido
ao contexto de desaquecimento econômico, as obras públicas podem demandar ainda
mais tempo para serem concluídas, avalia o economista Ricardo Eleutério. Ele
aponta que, com a necessidade de cortar gastos públicos para equilibrar as
contas, os investimentos de grande porte, como obras estruturantes, tendem a
sofrer reduções em razão da falta de recursos.
Com
isso, ao mesmo tempo em que se aumenta a dependência de investimentos externos
para o desenvolvimento do País, os investidores se tornam mais receosos devido
à instabilidade econômica brasileira. "Diante do cenário de incerteza
econômica e política do País, é de se esperar que essas obras que envolvem
investimentos privados, públicos e externos encontrem dificuldades em serem
concluídas em um tempos mais curto", avalia o economista. Fato é que, com
a diminuição da arrecadação e encarecimento dos produtos, a tendência é que o
poder público encontrará cada vez mais dificuldades para entregar esses
equipamentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário