A necessidade de tornar
conhecida a produção artística do Ceará e seus realizadores motivou o Coletivo
Pã de Olhares a mapear os lugares de onde essas produções partem, numa
iniciativa batizada "Mapadoc".Mais do
que o próprio nome revela, o projeto do grupo visa "oferecer uma
oportunidade de diálogo com o mundo ou a comunidade vizinha, que também produz
arte".
O resultado - expresso em documentário, livro e site - será
apresentado hoje à noite, no cinema do Dragão-Fundação Joaquim Nabuco.
Para o
coordenador do "Mapadoc", Felipe Camilo, a ideia é melhorar a relação
dos artistas entre eles mesmos - a partir do reconhecimento mútuo da produção,
ou seja, de quem faz o quê - e também entre eles e o público, que muitas vezes
desconhece a arte do Estado.
Durante
oito meses, Camilo e os demais membros do Coletivo Pã percorreram nove cidades
da Região Metropolitana de Fortaleza para produzirem o DVD Mapadoc - onde a
arte se revela", no qual mais de 50 entrevistados participam de 12 vídeos.
As histórias descortinam manifestações como o Coco do Iguape e do Pecém;
artesanato; música; teatro; grafite; artes plásticas; danças populares; cultura
indígena dos Pitaguarys e Tapebas; literatura; cordel e embolada; além de
"um documentário pedagógico expondo a tecnologia social do
Mapadoc/Ceará".
Segundo
Camilo, o fato de os artistas se enxergarem como classe os fortaleceria e
potencializaria a busca por apoio. "Nosso coletivo foi formado,
originalmente, no teatro. Mas hoje somos artistas de várias linguagens e essa
relação com o precário da arte é uma coisa pela qual passam não só os artistas
do Interior, mas todos nós. A falta de incentivo para esses artistas cujas
propostas não são tão absorvidas pelo mercado ou levadas a sério pela população
leva-os a falar em dificuldade, em falta de oferecimento (de apoio). Mas também
é falta de relacionamento", afirma.
Além do
DVD, outro produto do projeto é o livro "Ensaios e ensejos: um inventário
de percepções sobre artistas nos limiares de uma capital", com crônicas e
análises sobre as condições dos artistas da região metropolitana.
De onde a cultura parte
Idealizado
em 2013, o "Mapadoc" começou a ser realizado no início deste ano, com
a conquista de R$ 250 mil em recursos da Secretaria de Cultura do Ceará
(Secult-CE).
De
janeiro a agosto, o grupo identificou, fez contato e promoveu oficinas em
Aquiraz, Caucaia, Eusébio, Fortaleza, Itaitinga, Maracanaú, Maranguape,
Pacatuba e São Gonçalo do Amarante. Inicialmente, a articulação foi feita pelas
secretarias de Cultura de cada município, a pedido do Coletivo Pã; depois,
diretamente com os artistas.
"Na
maioria (dos lugares), quando tinha algum contato era bem primário. Se tivesse
telefone ou e-mail, estava geralmente defasado", conta Camilo sobre a
descoberta de pessoas "em interiores do Interior" com produção tão
ativa e relevante quanto as da Capital. A participação das prefeituras nessa
parte, acredita ele, ajudou a mostrar o que os governos têm à disposição em
termos artísticos. "Podem, agora, dar mais atenção aos artistas deles ao
invés de chamar gente de fora".
Mais informações:
Lançamento
do "Mapadoc". Hoje, a partir das 19h30, no cinema do Dragão-Fundação
(R. Dragão do Mar, 81, praia de Iracema), com apresentação musical de Marco
Leonel Fukuda. Site:mapadoc.com.br
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