Juazeiro do Norte As temperaturas acima dos 38 graus e a
baixa umidade relativa do ar têm acelerado a evaporação dos reservatórios do
Estado, os quais atingiram o pior nível nas últimas duas décadas, com apenas
14,8% da capacidade total, segundo dados da Companhia de Gestão dos Recursos
Hídricos (Cogerh).
Em contrapartida, o calor tem favorecido o comércio local. De acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-Juazeiro), as vendas de equipamentos que amenizam o calor cresceram até 50%.
Em contrapartida, o calor tem favorecido o comércio local. De acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-Juazeiro), as vendas de equipamentos que amenizam o calor cresceram até 50%.
O
meteorologista Raul Fritz explica que a baixa umidade do ar, somado aos ventos
mais intensos, facilita a evaporação dos açudes, ocasionando percas
significativas de água.
O
profissional avalia que o ideal seria que os açudes do Nordeste fossem mais
profundos e com menor espelho de água. "Se os açudes fossem mais
profundos, a água conservaria por mais tempo, minimizando a evaporação".
A
engenheira Débora Rios, diretora de Operações da Cogerh, ressalta que as
medidas para minimizar a evaporação dos reservatórios dependem, sobretudo, da
geografia da região. "Temos o Açude Orós como exemplo. Ele é bem
encaixado, com mais profundidade e com isso, a evaporação é menor".
Ainda
de acordo com a Diretora, os meses de setembro, outubro e novembro são aqueles
com maior perca de água por evaporação, muito embora, os números deste anos
estejam dentro da médias dos anos anteriores.
Três
cidades do Cariri figuraram entre as dez mais quentes desta quarta-feira (21)
no Ceará, segundo dados Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
(Funceme). Os termômetros do órgão apontaram 38.8º graus em Campos Sales e 38º
em Barbalha - mesma temperatura registrada em Juazeiro do Norte. Temperatura
bastante superior à registrada na Capital cearense: 32,3º.
Apesar
do pico de calor, registrado às 16 horas desta quarta-feira, ter sido de 38.1º,
a sensação térmica ultrapassou casa dos 45º em Juazeiro. Em alguns termômetros
instalados em bairros distintos da cidade, a temperatura marcada foi de 41º.
Entretanto, o meteorologista da Funceme Leandro Valente, adverte que
"essas marcações podem não condizer com a realidade". O profissional
explica que diferentes "variáveis modificam a temperatura marcada nestes
termômetros".
Acima da média
No que
pese a diferença entre um termômetro e outro, Valente afirma que as
temperaturas estão acima da média histórica para este período do ano, que é de
34º. "O fenômeno El Niño é o responsável pelo forte calor. Um sistema de
alta pressão atmosférica atua no Nordeste brasileiro inibindo a formação de
nuvens, causando variações climáticas, com fortes chuvas no Sul do País e calor
intenso no Nordeste", detalha Leandro. De acordo com o órgão, o cenário
para as próximas semanas não deve sofrer alteração: forte calor.
A
sensação desagradável de calor deve-se não apenas a essas altas temperaturas,
mas à redução, em geral, da velocidade dos ventos que retiram calor da nossa
pele, fenômeno comum nesta época do ano, conforme explicou Fritz. "Aliado
a isso, tem-se, ainda, umidades do ar elevadas que dificultam a transpiração. A
falta de chuvas mais regulares não tem permitido uma redução nesse quadro de
calor. Se estivesse chovendo mais regularmente, as temperaturas no período
noturno, por exemplo, poderiam alcançar cerca de 4 graus abaixo do que está se
verificando atualmente, diminuindo, assim, a sensação térmica elevada",
finaliza.
O clima
seco criou condições propícias para os incêndios ambientais na região. De
acordo com o Corpo de Bombeiros da cidade de Juazeiro do Norte, responsável por
outras 14 cidades da região, nesta época do ano são registrados, em média,
cinco ocorrências por dia. Para atender à demanda, o Corpo de Bombeiros dispõe
de efetivo de cerca de 100 homens.
Conforme
o Soldado Braga, "o número está um pouco acima do registrado no ano
passado". Ele lembra que os principais motivos para os incêndios - além
das condições climáticas que os favorecem - são o manejo errado do próprio ser
humano.
Vendas
Por um
lado, as altas temperaturas aceleram a evaporação dos açudes e aumentam a
incidência de focos de incêndio; por outro, o comércio se beneficia. A procura
por centrais de ar está 10% maior, enquanto os climatizadores tiveram aumento
de 15% nas vendas. No entanto, os campeões de vendas neste mês, conforme relata
o gerente de vendas Francisco dos Santos, foram os ventiladores.
A
corrida para amenizar os efeitos do calor começou ainda no mês passado, o que
têm exigido dos lojistas estoque sempre renovado. "Nós abastecemos o
estoque quase semanalmente, para não corrermos o risco de perder venda por
falta do produto", expõe o gerente. Com ampla concorrência, a loja apostou
na variedades de produtos. "A concorrência é grande, portanto, resolvemos
diversificar os modelos e preços, para atender todos os públicos e dar mais
opções ao cliente", acrescenta Francisco.
O
Presidente da CDL, Michel Araújo, lembra que "os lojistas saem ganhando
com as altas temperaturas", mas ressalta que é preciso "desenvolver
ações para atrair a atenção do cliente, fazer promoções e investir no
estoque". Araújo ilustra que "até mesmo o ar-condicionado, que
poderia ser chamado de artigo de luxo antigamente, hoje é item
necessário".
Procura
Contudo,
a crise financeira, com a retração na economia e redução do poder de compra da
maioria dos clientes, também influencia no momento da compra, o que explica a
alta procura pelos ventiladores, cujo aumento foi de 50%, se comparado com os
meses de agosto e setembro.
"As
centrais de ar amenizam mais o calor, porém consomem mais energia; então o
consumidor acaba optando por itens mais em conta e que não impactem tanto ao
fim do mês na conta de energia", explica Dos Santos. Ainda de acordo com
Michel Araújo, a tendência é que as "vendas para este setor continuem em
alta nos próximos meses", conclui Michel Araújo.
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