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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Uso inadequado de jalecos oferece perigo aos pacientes

A situação oferece riscos à saúde e é vetada, mesmo assim, ocorre de forma natural. Seja vestido ou carregado nos braços, jalecos são usados por profissionais de saúde de forma irregular, fora de unidades hospitalares. Na Capital, a situação é recorrente no entorno dos equipamentos. A Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) chama atenção para o uso inadequado deste e de outros Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e reforça a necessidade de conscientização.

"É só passar um tempo por aqui que aparecem médicos e enfermeiros circulando de jalecos", diz o vendedor José dos Anjos, que há 14 anos trabalha próximo ao complexo hospitalar que inclui a Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac) e o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), no bairro Rodolfo Teófilo.
"Há muita circulação de médicos com jalecos, sobretudo, nos horários de lanche e refeição nos restaurantes. É uma coisa muito estranha, porque eles deviam ter bom senso", reforça o taxista Francisco de Assis, que também trabalha nos entorno dos hospitais. Ele diz ainda que o tráfego de profissionais da saúde com jaleco, como enfermeiros e assistentes, é comum rumo a outros estabelecimentos comerciais.
Funcionários de restaurantes reiteram a situação. "Os profissionais vêm e, quando não estão vestidos, trazem os jalecos nas mãos. A gente pensa nos riscos de contaminação", diz o gerente de restaurante Júlio César.
A Portaria 485, de 11 de novembro de 2005, do Ministério do Trabalho e Emprego, aprova a Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho 32 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que determina que "trabalhadores da saúde não devem deixar o local de trabalho com os equipamentos de proteção individual e as vestimentas utilizadas em suas atividades". Conforme a norma, o empregador deve providenciar locais para de vestimentas limpas e deposição das usadas.
No Ceará, a questão das vestimentas de biossegurança já foi motivo de parecer do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec) quando, em 2014, a entidade reafirmou que os jalecos devem ser usados apenas nos locais de trabalho. O parecer reforça a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Anvisa.
Proteção
Segundo a Sesa, o jaleco é usado para resguardar profissionais e pacientes dos micro-organismos presentes no ambiente hospitalar e, conforme a OMS, estas vestimentas previnem a contaminação das roupas, protegendo a pele da exposição a sangue e fluidos corpóreos e derramamentos de material infectado.
"O jaleco entra em contato com sangue, pus e outros fluidos. Ele é branco justamente para que a gente saiba o que está ali. O médico não pode sair do ambiente hospitalar com ele, pois corre o risco de levar possíveis infecções para fora ou trazer a contaminação de fora para dentro do hospital. É a chamada infecção cruzada", explica Edmar Fernandes, diretor do Sindicato dos Médicos do Ceará.
Conforme ele, igual ao jaleco, outros EPIs, como as vestimentas de plantonistas e os pijamas utilizados nas salas cirúrgicas, não devem ficar expostos. A recomendação vale até mesmo para espaços do próprio hospital, a exemplo dos refeitórios. "Cada vez mais está aumentando a resistência bacteriológica, então vai chegar um momento em que esses detalhes vão fazer a diferença", opina Fernandes.
O diretor destaca que cada unidade de saúde possui uma comissão de controle de infecção hospitalar responsável pelo monitoramento dessa prática. Médicos que cometem a irregularidades podem receber advertências, notificações e, em casos extremos, demissão.
Fique por Dentro
Projeto de lei foi arquivado em Fortaleza

A recomendação da Anvisa e a Portaria do Ministério do Trabalho quanto à exclusividade do uso do jaleco nas unidades de saúde é válida em todo o território nacional, mas alguns estados e municípios promulgaram leis específicas sobre o assunto.

Piauí, Maranhão, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná e as capitais Belo Horizonte, Goiânia e Recife são locais que têm legislações específicas sobre o assunto. Em São Paulo e no Piauí, o profissional fica sujeito à multa. Em Fortaleza, em 2009, projeto de lei semelhante tramitou na Câmara Municipal, mas foi arquivado. O projeto previa proibição do uso do jaleco fora do ambiente hospitalar no Município sob pena de advertência, suspensão ou até demissão.


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