Com a crise, o consumidor vem
adotando diversas estratégias para driblar a inflação e equilibrar seu orçamento.
A substituição das marcas preferidas por outras com preços mais acessíveis, por
exemplo, foi uma das medidas mais adotadas nos últimos seis meses, pelos
consumidores de algumas categorias de itens de alimentação, como leite e óleo
de soja; e de produtos de higiene pessoal e limpeza, como sabão em pó,
sabonete, xampu, e papel higiênico. Essa foi uma das conclusões do levantamento
realizado pela consultoria GfK, por meu de seu Painel de Consumidores Online.
Foram
pesquisadas modificações de comportamento de compra relacionadas a 16
categorias de produtos básicos. A prática da substituição de marcas foi
declarada por 37% dos entrevistados que disseram ter alterado algum
comportamento de compra em relação ao sabão em pó; 34% em relação ao papel
higiênico; 31% sobre o sabonete; 28% em relação à compra do xampu. Dentre os
alimentos, 28% afirmaram trocar marcas de leite e 30% disseram estar fazendo o
mesmo em relação ao óleo de soja. A pesquisa também aponta que, nos últimos
seis meses, itens como as cervejas e as carnes bovinas estão entre os que mais
motivaram mudanças no comportamento de consumo. Estes produtos passaram a ser
adquiridos com menor frequência e em quantidades reduzidas, ao passo em que as
promoções se tornaram decisivas na hora da compra.
Menor quantidade
Dentre
os entrevistados que alteraram comportamentos de consumo em relação à cerveja,
68% afirmaram estar comprando a bebida em menor quantidade. A mesma situação
foi registrada para as carnes bovinas.
O
levantamento também mostra que 18% dos que disseram ter mudado algum hábito na
compra da bebida alcoólica estão promovendo troca de marcas e 10% estão
substituindo os estabelecimentos onde tinham o hábito de adquirir o produto por
lugares que o oferecem a preços mais em conta.
Hortifrúti
No caso
do tomate e cebola, que tiveram seus preços significativamente aumentados desde
o início do ano até o período do campo da pesquisa, o consumidor - além de
reduzir quantidade, a frequência das compras e buscar promoções - ,
intensificou ainda a busca por lojas ou canais alternativos que ofereçam preços
mais vantajosos.
Em
relação ao tomate, essa troca do local onde o alimento era adquirido a um valor
mais caro por outro onde é vendido por um preço menor foi declarada por 17% dos
consultados no levantamento. No caso da cebola, a proporção de troca do local
de aquisição foi de 13%.
Marcas
De
acordo com o diretor-presidente da GfK, Felipe Mendes, a pesquisa mostra que a
dinâmica de cada categoria de produtos é determinada pelo seu uso no lar e
também pela força das marcas que atuam nos segmentos.
"O
varejo também sofre pressões competitivas importantes, não apenas entre
bandeiras, mas especialmente entre formatos. Em tal situação, as estratégias
por categorias devem ser objeto de discussão conjunta entre a indústria e o
varejo", assinala Mendes. No levantamento realizado, foram feitas 367
entrevistas online, na última semana de julho de 2015.
Por classe
Do
total de pessoas consultadas, 24% são consumidores das classe "A",
54% da classe "B" e 22% da "C", com idades entre 18 e 69
anos. As pessoas ouvidas na pesquisa são de todas as regiões do Brasil. O
Sudeste, tem a maior proporção de participantes (46%). A fatia de consumidores
do Nordeste corresponde a 22% do total.
Opinião
do especialista
O que difere esta crise das anteriores
Este
momento econômico tem sido um pouco diferente de outros momentos de crise.
Desta vez, o que chamou a atenção foi a queda no faturamento dos supermercados,
o que indica que além de mudar marcas, o consumidor está deixando de lado
alguns produtos.
Aqueles
produtos que ele considera como supérfluo, ele está deixando de comprar. O
segmento de bebidas foi um que sofreu forte impacto. No caso das bebidas
alcoólicas, essa redução vai aumentar ainda mais agora, por causa dos impostos
que o governo vai aumentar.
O
consumidor também está substituindo produtos, como o leite de caixa pelo de
saco ou a carne bovina de primeira pela de terceira pela carne de frango. Tudo
isto fez com que os supermercados perdessem faturamento nesse primeiro semestre
de 2015, e isso a gente tem sentido no mercado local.
Alex Araújo
Economista
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