Uma doença silenciosa que
atinge pessoas de qualquer idade, a diabetes é um mal com inúmeras restrições
e, para muitos, de difícil convivência, até que os hábitos alimentares e a
rotina sejam readaptados. Para os pacientes que dependem dos materiais
fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em unidades da rede estadual e
municipal, um impasse se arrasta há, pelo menos, três meses: a falta de fitas
para medição de glicemia, que impossibilita que as pessoas cadastradas
monitorem o nível de açúcar no sangue e regulem a aplicação de insulina.
Portador
de diabetes há 19 anos, Esdras Beleza, 30, conta que é cadastrado nos postos de
saúde de Fortaleza para receber o material, o que já não vem acontecendo.
"Desde 2007, recebo as fitas para teste. Agora, vai completar dois meses
que não recebo. Fui buscar e disseram que está faltando. Ontem mesmo, entrei em
contato para saber se tinha chegado e o que disseram era que a compra já tinha
sido feita e que estavam aguardando. Não deram um prazo, só disseram que eu
continuasse ligando", afirmou o paciente.
Incidindo
em 10% da população total de Fortaleza, segundo dados da Sociedade Brasileira
de Endocrinologia no Ceará, a diabetes se divide em Mellitus, Gestacional e
Insipidus. O mal acomete, principalmente, pessoas com histórico familiar da
doença. A enfermidade pode ser diagnosticada por meio de exame de sangue.
De
acordo com o endocrinologista Glauber Rocha, ex-presidente e atual membro da
diretoria da Sociedade, a distribuição da fita é de extrema importância,
principalmente, para as gestantes, que chegam a realizar, diariamente, seis
vezes o teste da glicemia.
"Esse
monitoramento é que faz com que os médicos e os pacientes saibam como deve ser
feito o uso da insulina. Além das gestantes, o uso do material é muito
importante para o diabético do tipo 1, que faz contagem de carboidrato.
Geralmente, o teste deve ser feito antes de cada refeição principal e após uma
hora de cada uma dessas refeições para ver como a dieta influencia no controle
glicêmico", alerta o especialista.
Compra
Questionada
sobre o assunto, a Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (SMS) afirmou que
o problema se deu no processo de licitação da compra das fitas, de
responsabilidade da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), devido à
parceria entre Estado e Município, com a finalidade de obter um produto de
melhor preço.
Já a
Sesa, em nota, informou que a compra de 13,2 milhões de unidades de fitas para
glicemia está sendo finalizada. O volume é pactuado com os municípios e deve
ser suficiente para dois trimestres. A Pasta ressalta que, nesta quarta-feira
(23), o contrato entrará no sistema. A partir desta data, serão contados 30
dias para o Estado receber a nova remessa, que deve ser entregue aos municípios
junto à Coordenadoria de Assistência Farmacêutica (Coasf).
Enquanto
isso, a situação evidenciada preocupa e interfere no tratamento dos pacientes.
É o caso de Alexsandra Vasconcelos, que convive com a doença há 19 anos, desde
criança, e faz, diariamente, a contagem de carboidratos para controlar o índice
de açúcar no sangue. "A fitinha faz muita falta, há meses não recebo.
Estou comprando, mas é muito caro, mesmo pesquisando. Preciso usar, pelo menos,
quatro vezes por dia. Antes de faltar, eu recebia no Centro de Diabetes, mas lá
já disseram que não tem previsão para chegar", lamenta.
Esdras
Beleza também reclama do alto custo para manter os testes. "Quando falta,
junto dinheiro e compro. Chego a gastar R$ 350 e preciso de 180 fitas por mês.
Cada pacote com 50 unidades só dura dez dias", destaca.
Segundo
Geovana Falcão, vice presidente da Associação dos Diabéticos e Hipertensos de
Fortaleza (Adhfor), a falta das fitas já não acontecia há anos. "Também
sou paciente e em 20 anos não tinha visto isso acontecer. Para nós, a fita
funciona como medição de vida", ressalta.
Na
Capital, além dos postos de saúde, os portadores da doença podem procurar os
centros de apoio ao diabético na Faculdade de Medicina, Hospital Geral de
Fortaleza (HGF), Posto Anastácio Magalhães e no Centro de Diabetes. (Colaborou
Emanoela Campelo)
Saiba mais
Centros de apoio ao diabético localizados em fortaleza
Faculdade
de Medicina
R. Alexandre Baraúna, 949 -
Bairro
Rodolfo Teófilo
Telefone: (85) 3366-8001
Hospital
Geral de Fortaleza
R. Ávila Goularte, 900 -
Bairro
Papicu
Telefone: (85) 3101-3222
Posto
Anastácio Magalhães
Rua Delmiro de Farias, 1679 -
Bairro
Rodolfo Teófilo
Telefone: (85) 3433-2561
Centro
de Diabetes
Rua Silva Paulet, 2406 -
Bairro
Dionísio Torres
Telefone: (85) 3101-1538
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