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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Desvalorização do real atinge 71% em 12 meses

São Paulo. A escalada do dólar tem sido firme e constante. Nos 12 meses encerrados na sexta-feira, a desvalorização do real em relação à moeda americana chegou a 71,57%. Uma perda maior para igual período só ocorreu em março de 1999, segundo cálculos da consultoria Tendências. No ano em que o País abandonou a âncora cambial, o real desvalorizou 91,6%.

A mudança de patamar do câmbio está provocando uma desorganização momentânea da economia e impactando diretamente o cotidiano das pessoas e das empresas. Espera-se que a desvalorização do real seja um caminho para o Brasil sair da atual recessão, por meio do impulso nas exportações e pela consequente melhora do setor externo. "Quanto mais depreciado o câmbio, mais competitivos vão estar os produtos tanto para a exportação como domesticamente", diz Bruno Lavieri, economista da Tendências.
Um sinal de melhora das exportações já está evidente na rentabilidade das vendas externas na combalida indústria de transformação. Os dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) mostram um avanço da rentabilidade de 12,6% em julho na comparação com o mesmo mês do ano passado. Na agricultura e pecuária, o aumento foi mais modesto, 0,9%, num sinal de que a alta do dólar está compensando a forte queda das commodities.
"O efeito do câmbio na rentabilidade é instantâneo, mas na quantidade exportada demora mais para aparecer", afirma Daiane Santos, economista da Funcex. "O câmbio não é um fator de competitividade. O ideal é reduzir o custo do produto para torná-lo mais competitivo, mas a desvalorização do real está proporcionando um ganho de competitividade".
Mais caro
Para quem importa, porém, a conta começa a ficar mais cara. Dono de uma importadora de brinquedos, material escolar e artigos de bazar, Ronaldo Funtowicz, de 57 anos, sentiu o peso do câmbio em seu negócio. "À medida que aumenta o dólar, aumenta o custo. Somos obrigados, para manter a demanda, a sacrificar a margem, para passar por esse período", afirma. Os preços subiram em média de 20% a 25%, e os estoques estão mais altos do que em 2014.
A desvalorização do real também desestimulou quem pretendia encher as malas com produtos de outlets numa viagem ao exterior. "Quando o dólar estava R$ 3,35, as pessoas não se assustavam. Quando passou de R$ 3,60, começaram a fazer contas", afirma Leonel Rossi Junior, vice-presidente de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Agentes de Viagens.
Viagens
Segundo a associação, a demanda para viagens no exterior caiu 10% neste ano. "A procura só não foi menor porque houve uma queda significativa no preço das passagens", acrescenta. Ele espera que, no segundo semestre, haja mais demanda por destinos domésticos - de 5% a 7% a mais do que em 2014.
O dólar turismo em espécie está na casa dos R$ 4. Já no cartão pré-pago, com imposto maior, ultrapassou R$ 4,20. Muitos têm optado por mudar o destino das férias. Com o casamento marcado para dezembro, Cristina Mendonça e Filipe Cunha trocaram a lua de mel na Ilha Bonaire, no Caribe, por Maraú, na Bahia. "Não ficou tão mais barato, mas foi para não termos surpresas nos gastos. É mais fácil saber o quanto se gasta", diz ele.

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